A PAZ POR OBRA DO NÃO ALINHAMENTO ACTIVO EM PLENO SÉCULO XXI – III.

1 – Tal como Angola sob a direcção do Presidente José Eduardo dos Santos, se luta pela paz interna e em África, particularmente em relação a algumas das regiões mais sensíveis do continente como a RDC e os Grandes Lagos, é Cuba, sob a direcção do Presidente Raul de Castro que procura fazer o mesmo exercício na América, particularmente em relação à Colômbia, no âmbito das aspirações bolivarianas e precisamente numa das regiões mais sensíveis do continente.

 

A trajectória de Cuba Revolucionária foi histórica e culturalmente uma assumida preparação para a paz, no pressuposto que é o socialismo que comporta a paz por que com ele se vão diluindo as desigualdades e as injustiças sociais.

 

Cuba defendeu a sua revolução ao longo desses mais de 50 anos, face a todo o tipo de ingerências e manipulações levadas a cabo com o concurso aberto ou velado de sucessivas administrações dos Estados Unidos, com convicções e princípios conducentes à paz, revertendo até a seu favor factores tão negativos como o criminoso bloqueio de que tem sido vítima… e tudo isso graças aos processos culturais profundos que foram desencadeados.

 

De facto Cuba Revolucionária está a demonstrar hoje essa vocação, transferindo-a para todo o espaço continental da América, num momento em que linhas progressistas despontam e tentam engrenar processos culturais que para sua inspiração contam sempre com o exemplo de Cuba.

 

 

2 – Logo que os revolucionários cubanos assumiram o poder em Cuba, que as preocupações imediatas de ordem histórica e cultural (no sentido antropológico do termo), se fizeram sentir em toda a profundidade da sociedade cubana:

 

– Em 1961 Cuba declarou ter-se visto livre do anátema do analfabetismo, a primeira nação na América a atingir essa singular meta humana;

 

– As preocupações em relação à vida foram de tal ordem que no que é hoje a Reserva de Biosfera que dá pelo nome de Ciénaga de Zapata, na primeira exploração que os comandantes rebeldes fizeram à região preocupados com a extrema pobreza dos seus habitantes, o jovem comandante Raul de Castro em resultado dum acidente de helicóptero, andou perdido, sendo resgatado dias depois…

 

A Revolução Cubana manifestou-se imediatamente aberta à equação da lógica com sentido de vida, sem se deixar equivocar nos termos duma consciência dialéctica alicerçada em factores de ordem histórica, antropológica e sócio-política, no que ao homem diz respeito, inter relacionando-a de facto com factores essenciais resultantes dos aspectos físico-geográficos-ambientais e assim recuperando o respeito que deve merecer a Mãe Terra.

 

Essa imensa inteligência substantiva foi-se consolidando alimentando os processos da inteligência de vanguarda, assumindo essa vanguarda nos termos hoje dum Não Alinhamento activo em pleno século XXI.

 

Por isso Cuba não se coíbe de levar a outros povos, nações e estados do “terceiro mundo” essa disposição internacionalista de vanguarda, desde logo por via da educação e da saúde e os esforços de paz que Angola tem levado a cabo em África, muito tem a ver com isso, desde o início do percurso comum que se iniciou a 2 de Janeiro de 1965, no encontro do Che com a direcção do MPLA e sobretudo a partir da tão decisiva Operação Carlota, que teve seguimento até nossos dias.

 

 

3 – A região norte da América do Sul, o imenso espaço bolivariano, sensível pela sua história e cultura como pela riqueza na biodiversidade, está em situação de conflito armado na Colômbia, o mais antigo conflito em toda a América.

 

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Exército Popular, são a organização que de armas na mão tem assumido a defesa do campesinato pobre, com ideologias marxistas-leninistas e bolivarianas, opondo-se à influência, manipulação e ingerência dos Estados Unidos, nomeadamente através do seu Plano Colômbia.

 

O facto de factores sócio-políticos, históricos e antropológicos de ordem progressista terem influenciado a América Latina no sentido de sua personalidade livre de ingerências, procurando consensos por via do diálogo e integração (tornando explícita a visão integradora de Bolivar), está a permitir que a paz na Colômbia, um dos países com uma das maiores biodiversidades do globo, seja colocada à mesa de negociações, algo que Cuba assumiu como prestigiada entidade mediadora (e moderadora).

 

De facto para a América Latina fazer com que a Organização de Estados Americanos, por muitos considerados com toda a justiça de “Ministério das Colónias dos Estados Unidos”, perca influência em benefício de entidades integradoras como a ALBA, a UNASUR, a CELAC, ou o MERCOSUR, a paz na Colômbia é a plataforma urgente que se deve alcançar, dando luta a todos os factores contraditórios que estão interessados no pântano da guerra de baixa intensidade que subsiste em pleno século XXI, inclusive ao nefasto papel dos falcões do USSOUTHCOMMAND do Pentágono (um dos “executores” do Plano Colômbia), outro factor desestabilizador, como o é em África o AFRICACOMMAND…

 

O vigor das conversações levaram já o Presidente Barack Hussein Obama a aproximar-se da nova trilha, de certo modo afastando-se da linha tradicional trilhada pelos falcões!

 

Os avanços na América Latina, em termos de culturas progressistas, estão suspensos por causa dessa guerra prolongada e dilacerante e por isso o Não Alinhamento activo em pleno século XXI por parte de Cuba, é em relação à América, uma questão que está efectivamente na “ordem do dia”.

 

Essa “ordem do dia” nos seus amplos esforços, está a merecer um cada vez maior reconhecimento internacional, pelo que os governos latino americanos, incluindo o actual governo colombiano, se estão a unir na tentativa de vencer a barreira que ponha fim a tão longo conflito armado na Colômbia, que se tornou um poderoso factor retrógrado que só favorece a presença do império e o exercício sócio-político de suas vetustas oligarquias agenciadas em todo o continente.

 

O processo de paz está em curso e as espectativas em alcançar um acordo mantêm-se, êxitos que continuam a pôr à prova a capacidade cubana em lidar com assuntos de natureza tão complexa e abrangente, uma capacidade exigente sob o ponto de vista das inteligências de vanguarda, mas nada que não seja mais um desafio a acrescentar a tantos outros já ultrapassados pela Revolução Cubana ao longo da cultura que assumiu durante mais de cinco décadas!

 

 

4 – Enquanto Angola, membro não permanente no Conselho de Segurança, levou à consideração da ONU uma proposta para se porem fim às armas nucleares, Cuba, que de há vários anos vem sustentando o diálogo com correntes como a da Teologia de Libertação, apresta-se para receber uma reunião, a 12 de Fevereiro de 2016, entre o Papa e o Patriarca de Moscovo e de toda a Rússia, cujas igrejas se têm vindo a aproximar face a fenómenos como os da pobreza e a perseguição a cristãos como acontece na Síria por parte do Estado Islâmico à minoria iazides.

 

Esta aproximação pode concorrer no sentido do desanuviamento das relações internacionais e é mais um marco em direcção à paz global!

 

 

Martinho Júnior.

 

Em saudação ao 4 de Fevereiro de 2016.

 

A PAZ POR OBRA DO NÃO ALINHAMENTO ACTIVO EM PLENO SÉCULO XXI – I.

1 – A fluidez do Não Alinhamento activo não desapareceu na voragem do tempo, sobrevivendo ao fim da Guerra Fria, por que a “Nova Ordem Global”, na perspectiva e via da hegemonia unipolar, tem sido determinante em relação à sua firmeza, coerência e vitalidade.

 

 

Essa fluidez socorre-se da lógica com sentido de vida, sem se deixar equivocar nos termos duma consciência dialéctica alicerçada em factores de ordem histórica, antropológica e sócio-política, no que ao homem diz respeito, como em factores essenciais resultantes dos aspectos físico-geográficos-ambientais que estão na base do respeito que a todos deve merecer a Mãe Terra.

 

Por isso muitas das minhas correntes análises, assumem aspectos filosóficos que se prendem à matriz dessa extraordinária amplitude que nos contempla e nos mobiliza.

 

 

2 – O equacionamento dos factores físico-geográficos-ambientais no seu inter-relacionamento com o homem mereceu algumas apreciações minhas em séries como “A LÓGICA COM SENTIDO DE VIDA”, ou “O LABORATÓRIO AFRICOM” e estão presentes em muitos outros trabalhos por mim produzidos e mesmo em muitos comentários e intervenções que tenho feito.

 

Por isso parece-me que, ao abordar o presente tema, A PAZ POR OBRA DO NÃO ALINHAMENTO ACTIVO EM PLENO SÉCULO XXI”, há apreciações sobre África e América Latina que, por mérito próprio no que à paz diz respeito, merecem especial atenção.

 

 

Destaco desde logo os papéis de vanguarda da Revolução Cubana no espaço da América Latina e do Movimento de Libertação em África, com relevância para o protagonismo do MPLA no que ao continente-berço diz respeito, algo que corresponde a uma simbiose que nutre as opções mais saudáveis a sul e de acordo com as sensibilidades sócio-político-culturais do sul.

 

 

3 – Não se julgue que esse processo civilizacional de veias abertas, desperdice coerência substantiva: elas, as veias abertas, estão a ser tão poderosas no que a inteligência diz respeito, que há um espaço de tal maneira intenso e imenso de sua responsabilidade por dentro da coerência da multipolaridade que promove a possibilidade dum amplo renascimento, ao ponto de, por exemplo, até o Vaticano conforme expressão do actual Papa Francisco, um Papa vindo das pampas argentinas, favorecer a alternativa desse renascimento, que se vai erguendo a pulso do pântano premeditado do caos.

 

 

A paz nos termos do Não Alinhamento activo em pleno século XXI, tem também a ver, entre muitos outros ventos bonançosos favoráveis, com a Teologia de Libertação, não se reduzindo evidentemente a ela.

 

As potencialidades da emergência multipolar animam-se também desse processo civilizacional de veias abertas decorrente a sul, com implicações desde logo profundas na América Latina e em África, pelo que se torna em algo incontornável no que à coerência e energia vital diz respeito.

 

Não é um processo limitado (e limitativo) ao “to be, or not to be”, conformado à gestão dum Bilderberg, com um expediente que não passa os limites de gestão controlada e de acordo com o exercício da “Nova Ordem Global”!

 

 

4 – É evidente que em relação ao ambiente de trevas que se seguiu à Guerra Fria, onde ganharam espaço até as mais abjectas monarquias feudais a ponto de se recomporem franjas de fascismo e de nazismo em reforço dos falcões do Pentágono e da NATO, há já uma ruptura que corresponde à lógica com sentido de vida na perspectiva do Não Alinhamento activo em pleno século XXI.

 

Desse modo a paz no âmbito dessas veias abertas é assumida face a face aos falcões, ao feudalismo, aos neo fascistas, aos neo nazis e até em relação àqueles que assumem austeridade nos exercícios que fazem em amplos espaços nacionais, regionais e continentais.

 

Haverá ainda alguém que não alimente esperança com essa pequena luz rompendo as trevas e nos espreita bem do fundo do túnel?

 

Martinho Júnior.

 

Em saudação ao 4 de Fevereiro de 2016.

A PAZ POR OBRA DO NÃO ALINHAMENTO ACTIVO EM PLENO SÉCULO XXI

1 – África tornou-se no continente onde se foram instalando, muito por poderosa ingerência compulsiva da ocupação colonial, as relações mais desestabilizadoras e desequilibradas que alguma vez foram experimentadas pela humanidade em parte alguma do globo e, em consequência traumatizante disso, são os africanos que polvilham ainda hoje a cauda dos sucessivos relatórios da ONU, referentes aos Índices de Desenvolvimento Humano.

 

Esse longo e complexo processo, durou séculos a fio, desarticulando as muito vulneráveis sociedades africanas, de tal forma que nem as independências vieram resolver as questões profundas desses contenciosos que se prendem entre outros, a factores de ordem histórica, antropológica e sócio-política, numa equação com os factores de ordem físico-geográfica-ambiental, que são também eles sujeitos às premissas impostas pelo domínio vindo de fora.

 

Em “O LABORATÓRIO AFRICOM” detalhamos alguns dos aproveitamentos nefastos alimentados pelo vigor neo colonial, realçando os aspectos que nutrem a disseminação do caos no continente africano, sem esgotar todavia o assunto.

 

 

2 – Reverter a tendência da degradação, num quadro em que África é “um corpo inerte onde cada abutre vem depenicar o seu pedaço”, foi e é uma aspiração ciclópica e corrente por toda a África, mas também aí a subversão dos esforços tem deixado sua marca crítica, indefectível e dramática.

 

No momento em que os esforços mais ingentes e inteligentes se puderam concentrar nas organizações que compuseram o Movimento de Libertação em África, da Argélia à África do Sul, foram sendo disseminadas pelo poder dominante ocidental, organizações etno-nacionalistas com vista a consumir o oxigénio do Movimento de Libertação em África e assim intoxicar os esforços em prol das expectativas e esperanças de liberdade.

 

Isso funcionou durante décadas a fio e reflecte-se nas horas contemporâneas!

 

Foram precisamente Cuba Revolucionária e o MPLA que há 51 anos melhor puderam, em comum, perceber esse fenómeno e prepararem-se para lhe fazer frente, com intervenientes desde logo directamente implicados: Agostinho Neto, Ernesto Che Guevara e Laurent Kabila (1965), com seguidores muito atentos como foram e têm sido entre outros Jorge Risquet, José Eduardo dos Santos, Raul de Castro e Joseph Kabila, até aos nossos dias!

 

Do 4 de Fevereiro de 1961, a 2 de Janeiro de 1965, o MPLA começou a assumir a linha moderna que deu curso, à latitude sul do país, ao Movimento de Libertação em África, vindo a constituir de facto Angola numa “pedra angular” desse tão difícil processo.

 

O Programa Mínimo do MPLA foi realizado com sacrifícios enormes, perante o cruzar constante de obstáculos, riscos e ameaças, a 11 de Novembro de 1975 de boa memória, tão boa memória como aquele 4 de Fevereiro de 1961, mas subsiste o empolgante desafio de levar a cabo o Programa Maior, particularmente depois que a 4 de Abril de 2002 se calaram as armas!

 

 

3 – Finalmente, a partir de 4 de Abril de 2002, Angola conseguiu calar as armas, face a face à história, à antropologia, ao ambiente sócio-político “endógeno”, aos enormes desafios, obstáculos, riscos e ameaças que se deparam, alguns no rescaldo de velhos contenciosos, outros em função de impactos recentes, sobretudo gerados a partir do fim da Guerra Fria.

 

Por isso em Angola e nas regiões circundantes, o Não Alinhamento activo em pleno século XXI subsiste tendo como substância exigente o Programa Maior do MPLA, sem deixar de sua vinculação estar em jogo em concorrência democrática multipartidária com outras expressões sócio-políticas, algumas delas sequelas até de velhos etno-nacionalismos.

 

Quando o calar das armas foi alcançado as responsabilidades dos patriotas angolanos ganharam expressão em caminhos nunca antes experimentados, num quadro em que o Programa Maior passa obrigatoriamente por décadas de luta contra o subdesenvolvimento, em que a paz é vital para se semear à latitude angolana a espécie tão rara quanto frágil da árvore do renascimento africano.

 

 

4 – Angola assumiu a paz como um dos eixos essenciais de solução dos contenciosos internos numa atmosfera multipartidária e em plataformas externas pantanosas (como a RDC, os Grandes Lagos, ou o Golfo da Guiné…), que implicam, qualquer delas, a busca incessante de consensos por via do diálogo, do desarmamento, da recuperação de traumas que vêm de longe e de perto (traumas que atravessaram várias gerações), da construção e reconstrução de infra estruturas e estruturas, de inovadoras políticas de redistribuição da riqueza natural, de busca incessante de harmonia, equilíbrio e justiça social, fortalecendo as tónicas da educação, da saúde, da reorganização urbana e rural…

 

A construção da identidade nacional ainda não pôde vencer algumas questões básicas que se ligam à antropologia cultural, conforme testemunho corrente que se pode observar tanto nos ambientes urbanos e suburbanos, quanto nos imensos espaços rurais.

 

A luta contra o subdesenvolvimento requer paz para se poder levar a cabo atendendo aos seus múltiplos factores de que a cultura é, de facto, um factor de ponta em relação ao homem e tudo isso num ambiente sócio-político vinculado à construção duma complexa democracia multipartidária que tem início em processos representativos, mas que se abre também, cada vez mais, à possibilidade de participação.

 

 

5 – Nem todos os impactos da globalização redundam em factores construtivos, sobretudo os indexados a processos neo liberais digeridos pela hegemonia unipolar por via dos “mercados abertos” impostos pelos interesses e conveniências dominantes com “genes neo coloniais” e “transfronteiriços”.

 

O continente africano está afectado directa ou indirectamente por esses impactos “do Cabo ao Cairo”, isto é: nem a África do Sul se pode livrar deles, ou dos seus efeitos directos e indirectos!

 

É nesse ambiente de “areias movediças” que se mechem os pés ainda titubeantes da paz angolana e para tal os processos de inteligência são extraordinariamente críticos, por que sem ela é impossível levar a cabo a aplicação da lógica com sentido de vida em África no quadro duma tão complexa luta contra o subdesenvolvimento!

 

O relacionamento Angola-Cuba nesse processo, por via substancialmente dos reforços conseguidos no âmbito alargado e estratégico da “Operação Carlota”, alimenta as mais legítimas aspirações de luta contra o subdesenvolvimento num ambiente tão desfavorável, desde aquele longínquo 2 de Janeiro de 1965.

 

O exercício de paz que o Presidente José Eduardo dos Santos tem realizado dentro e fora das fronteiras do país e até no Conselho de Segurança da ONU, que acabou com a pena de morte, que desarmou, que desminou, que se abriu às mais diversas apreciações no âmbito dos direitos humanos basicamente garantidos já pelo Movimento de Libertação em África, que procura a todo o transe impulsionar sectores tão diversos que vão desde a educação, à saúde, ou os antigos combatentes e veteranos da pátria, à reinserção social, ao saneamento básico, à implantação de energias renováveis, à implantação de esforços em prol da água potável, à construção e reconstrução de infra estruturas e estruturas, à diversificação da economia… implica em amplas transformações sócio-culturais que conduzam em toda a profundidade à gestação duma consciência reflexiva humanizada e respeitadora da natureza e do ambiente, acima do padrão médio da mentalidade que permite a paz.

 

Há poucos dias no Conselho de Segurança da ONU a delegação angolana apresentou sua proposta de desarmamento nuclear global, tirando partido do que foi alcançado por África, continente livre de armas nucleares depois de ultrapassado o regime de “apartheid”

 

É essa tremenda ousadia que merece ser garantida e cultivada acima de tudo, no quadro do Não Alinhamento activo em pleno século XXI, sabendo-se que há muitos ainda que terão dificuldade, inclusive em redundância dos seus estatutos sociais com reflexos sócio-políticos, em engrenar nessa capacidade que ultrapassa em muito as plataformas de mentalidade antes alcançadas.

 

 

6 – Se em termos antropológicos é tão crítico encontrarem-se soluções de luta contra o subdesenvolvimento, encontrar formulações geo estratégicas a partir da água interior, tendo em conta, no âmbito da equação físico-geográfico-ambiental com os factores humanos, que a matriz da água angolana está na região central das grandes nascentes, tem merecido um alheamento quase total e isso demonstra a hipervalorização que se tem dado ao que muitas vezes vem de fora e a comparativa subvalorização que se dá às capacidades internas do desenvolvimento sustentável, ainda que seja o futuro a muito longo prazo que esteja em jogo e com isso a garantia maior de inteligência e de consciência em prol da construção da identidade nacional.

 

A paz por si não resolve se factores humanos e factores físico-geográficos ambientais não forem tidos em conta na equação do seu inter-relacionamento (a fim de se consolidarem os processos de desenvolvimento sustentável, de programação e logística, bem como a mobilização de recursos de toda a ordem, sobretudo recursos humanos) e isso acaba por fragilizar as aspirações tão legítimas de Angola, inclusive no âmbito de suas manifestações externas!

 

A região central das grandes nascentes em Angola, além duma geo estratégia inteligente a muito longo prazo, garante à identidade angolana e aos patriotas encarar os problemas profundos com que se debate o continente africano olhos nos olhos!

 

A busca pela paz a sul do planeta, tem apesar de tudo mais pontos fortes na América Latina do que em África onde a disseminação do caos transfronteiriço está em curso pressionando as regiões mais sedentárias de ocupação humana do continente, as regiões de maior riqueza de água interior.

 

O papel de Cuba em relação à paz, é similar ao de Angola, cada um em seu continente: Cuba conseguiu dar guarida às conversações de paz em curso sobre a Colômbia, algo decisivo para as espectativas e as aspirações de luta contra o subdesenvolvimento na América!

 

Muito mais que diversificação económica, Angola precisa urgentemente de ser muito mais sensível aos profundos factores de ordem histórica, antropológica e sócio-política, equacionados com os factores físico-geográfico-ambientais, de forma a se determinar a sua própria trilha de desenvolvimento sustentável a muito longo prazo, num processo gerador de conhecimento, de inteligência, de consciência patriótica, de construção da identidade nacionl e de mobilização, tirando partido dos imensos potenciais do homem como da água interior, água que é vida!

 

Se assim não for, Angola terá dificuldades acrescidas também em relação à região fulcral dos Grandes Lagos e à RDC, sendo incapaz de sair dos parâmetros alcançados nos seus actuais esforços políticos-diplomáticos em prol da paz em África, um projecto condicionado pelas conjunturas manipuladas pelo AFRICOM e potências que pretendem neo colonizar África.

 

Assumo essa visão patriótica, ainda que ela tenha sido até agora tão subvalorizada!

 

 

Martinho Júnior.

 

Em saudação ao 4 de Fevereiro de 2016.

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