O Presidente da República recebeu a embaixadora do Reino da Suécia em Angola, Ewa Polano, com quem avaliou questões multilaterais e bilaterais, sobretudo, aspectos que têm a ver com o clima.
Em declarações à imprensa, no final do encontro com o Chefe de Estado, que durou menos de trinta minutos, no Palácio Presidencial, a diplomata sueca informou que Angola e a Suécia preparam temas sobre energia solar, devendo estar presentes na Conferência sobre o Clima, a decorrer nos próximos dias na estância balnear de Sharm El Sheikh, na República Árabe do Egipto.
Referiu, a propósito, que o seu país está a financiar o projecto de energia solar para a África Subsaariana, avaliado em 560 milhões de dólares.
Manifestou o interesse das empresas suecas continuarem a trabalhar em Angola nos projectos de infra-estruturas aeroportuárias e portuárias, incluindo projectos de energia solar e telecomunicações.
A Suécia foi responsável pela construção do primeiro Centro de Formação de Pescas no país (Cefopescas) e do Posto de Electrificação do município dos Dembos, na província do Bengo.
Ewa Polano elogiou o desenvolvimento económico e social do país nos últimos cinco anos e aproveitou para felicitar o Presidente João Lourenço, pela reeleição à frente dos destinos do país.
Angola participa, hoje e sábado(27), no 24º Conselho da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), estando representada pela Embaixada nos Emirados Árabes Unidos e por quadros do Ministério da Energia e Águas, por via virtual.
A delegação angolana ao encontro, que reúne mais de 400 delegados de 108 países e representantes diplomáticas nos Emirados Árabes Unidos, é encabeçada pelo embaixador naquele país árabe, Albino Malungo.
A reunião discute temas como a transição energética mundial e constitui uma antecâmara da 11ª Assembleia da IRENA, que se realiza em Janeiro de 2023, em Abu Dhabi, onde é esperada a participação de uma delegação ministerial angolana.
Ao intervir na sessão de abertura, o director-geral da IRENA, Francesco La Camera, considerou fundamental a interacção que tem tido com os países, no sentido de se alcançar a desejada transformação energética, assim como responder ao compromisso estabelecido na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
O responsável disse que a reunião do Conselho da IRENA chega a um ponto crítico no tempo e dá à comunidade internacional uma oportunidade de fortalecer a colaboração e reforçar o compromisso mundial com as renováveis para a acção climática à frente da COP27 e da COP28.
A Conferência Anual das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27) realiza-se em Sharm el-Sheikh, no Egipto, nos dias 7 e 8 de Novembro, sendo destinada a Chefes de Estado e de Governo.
A IRENA, com sede em Abu Dhabi, traçou como meta o combate aos efeitos das alterações climáticas. A organização internacional tem defendido que a aceleração da transição energética é essencial para a segurança energética a longo prazo, estabilidade de preços e resiliência nacional.
A cúpula de países discute frequentemente as etapas necessárias até 2030 para fornecer soluções climáticas e de energia de curto prazo, simultaneamente e com urgência.
O plano “World Energy Transitions- Outlook 2022” enfatiza que priorizar a eficiência energética e a electrificação com base em energias renováveis é a forma mais segura de conciliar múltiplas agendas e mostra que, mesmo no curto período de 2019 a 2030, esse curso de acção impulsionará o PIB global e criará 85 milhões de empregos relacionados com a transição energética.
Angola aderiu ao IRENA a 26 de Janeiro de 2009, altura em que os Estados-membros das Nações Unidas e as Organizações Regionais Intergovernamentais para a integração económica, decidiram, numa Conferência Internacional sobre Energia, constituir a Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA) para promover a cooperação no domínio e desenvolvimento do uso das tecnologias das energias renováveis.
Serve igualmente como a principal plataforma de cooperação internacional, apoia países e fornece dados de última geração, assim como efectua análises sobre tecnologia, inovação, política, finanças e investimentos.
O Conselho da IRENA é composto por 21 países-membros eleitos para um mandato de dois anos e responde à Assembleia, em que participam os ministros de cada Estado-membro.
Kristen Miller, directora de conservação da vida selvagem da Liga da Selva do Alasca, advertiu que se o chamado projecto Willow fosse aprovado, “seria maior do que qualquer outro” do seu género que tenha sido “proposto em terras públicas da América”.
Representa “uma ameaça sem precedentes ao clima e à biodiversidade que coloca em risco o legado climático do Presidente Biden”, disse Miller.
Karlin Itchoak, director estatal da Wilderness Society, salientou que “nenhum outro projecto de petróleo e gás tem maior potencial para minar os objectivos climáticos da administração Biden.
Se esta proposta fosse para a frente”, acrescentou, “resultaria na produção e queima de pelo menos 30 anos de petróleo, numa altura em que o mundo precisa de soluções climáticas e de uma transição para uma energia limpa.
É isso que faz da Willow “um projecto de formação de legado que irá testar se a administração Biden está a desviar a América de um perigoso caminho climático”, disse Miller.
No entanto, a senadora estatal republicana do Alasca, Lisa Murkowski, que é uma das principais apoiantes do plano, disse que estava confiante que a construção iria acontecer.
Ela disse que o projecto Willow é a sua “prioridade máxima” e que continuaria a responsabilizar a actual administração pelo seu compromisso de levar a cabo esta revisão ambiental adicional para que a construção pudesse começar este Inverno.
A administração Biden emitiu uma nova revisão do projecto multi-biliões de dólares que está a ser desenvolvido pela ConocoPhillips, uma empresa multinacional de energia com sede em Houston, Texas.
A revisão abriu a porta à aprovação de uma versão reduzida da proposta contestada.
O projecto de declaração suplementar de impacto ambiental do Departamento do Interior sobre o projecto foi o resultado de uma ordem judicial federal emitida em 2021.
Inclui uma nova alternativa que poderia cortar dois dos cinco locais de perfuração na Área Especial do Lago Teshekpuk.
Um relatório recente argumentou que as emissões de petróleo e gás produzidas em Willow durante toda a sua vida útil iriam “ananhar” os benefícios climáticos dos projectos eólicos, solares e eólicos offshore a serem implementados em terras e águas públicas.
E isso faz parte da tentativa de Biden de descarbonizar a rede eléctrica dos EUA até 2035.
A informação foi avançada, terça-feira (02), pelo Presidente da República, João Lourenço, ao intervir na 26ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, a decorrer em Glasgow, Reino Unido.
O Chefe de Estado, que vem mantendo, desde o início do mandato, uma atenção especial às questões ambientais, ressaltou que o país privilegiou a produção e consumo de energia limpa proveniente das barragens hidroeléctricas existentes e de outras por construir, assim como nas fontes renováveis de energia.
Neste particular, João Lourenço destacou os projectos de produção de energia fotovoltaica com parques solares, que visam reduzir o consumo de combustíveis fósseis na produção de energia eléctrica.
O Presidente salientou que Angola definiu a sua contribuição concretizada na redução da intensidade de carbono na produção de energia eléctrica, num horizonte até 2025, e em acções complementares no domínio da gestão sustentável das florestas, transportes e agricultura.
O Chefe de Estado reiterou a firme vontade e determinação de Angola em continuar comprometida com a acção climática e com a adopção de um modelo de desenvolvimento de baixo carbono.
João Lourenço disse que o país considera as alterações climáticas dos maiores desafios que a humanidade enfrenta, dado o conjunto de efeitos directos e indirectos na vida económica e social das Nações, facto que, como sublinhou, “constitui um verdadeiro desafio ao desenvolvimento”.
País alinhado com consensos internacionais O Presidente ressaltou, ainda, o facto de Angola estar alinhada com os consensos internacionais do desenvolvimento sustentável, incluindo o África – 2063, em consonância com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. “Foram, igualmente, identificadas acções de adaptação relacionadas com a melhoria da resiliência climática das nossas comunidades e a protecção de investimentos sociais e económicos”, salientou.
No âmbito das acções em prol das questões ambientais, o Presidente destacou o seu envolvimento, no país, à causa da protecção e repovoamento dos mangais através de uma campanha nacional de replantação de mudas de mangue ao longo da extensa orla marítima nacional.
De lembrar que, no dia 23 de Outubro, o Presidente participou, em Luanda, numa campanha de plantação de mangues na orla costeira da Comunidade do Papu, comuna dos Ramiros, município de Belas, numa iniciativa da Associação Otchiva e a Sonangol, que rubricaram, neste mesmo dia, um acordo para a protecção e restauração dos ecossistemas de mangais. O Chefe de Estado plantou, neste dia, juntamente com a Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, cerca de duzentos pés de mangues naquela orla costeira.
Ao prestar declarações à imprensa, no final da actividade, o Chefe de Estado referiu que o mundo já falou “bastante” sobre a necessidade da protecção do meio ambiente e, agora, é chegado o momento de colocar um basta às falas e ganhar-se a consciência de se levar a cabo acções concretas, pequenas ou grandes, para a salvação do meio ambiente. Conservação dos parques Durante a intervenção na 26ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, o Presidente deu a conhecer a celebração, aquando da visita de trabalho, este ano, a Washington DC, Estado Unidos, de um convénio com o Fundo Internacional de Conservação (ICCF) para a conservação dos parques do Luengue-Luiana e Mavinga.
O Chefe de Estado esclareceu que este convénio consiste na protecção da vida selvagem animal e vegetal, bem como no desenvolvimento do turismo internacional sustentado.
Na ocasião, o Presidente mencionou a aprovação, no país, da Estratégia Nacional para as Alterações Climáticas 2021-2035, com vista a alcançar os objectivos preconizados no Acordo de Paris. “Angola aprovou, mais recentemente, um importante pacote legislativo ambiental, instrumentos que serão determinantes na luta contra as alterações climáticas”, aclarou o Presidente.
A Estratégia Nacional para as Alterações Climáticas foi aprovada no dia 28 de Outubro, durante a última sessão ordinária do Conselho de Ministros, orientada pelo Presidente da República.
Este documento tem como objectivo assegurar a adaptação do território nacional aos efeitos das alterações climáticas e contribuir para o esforço global de combate às causas deste fenómeno. Pretende, igualmente, contribuir para o combate à pobreza, ao aumento do grau de empregabilidade, a diversificação da economia do país e, consequentemente, para o alcance dos objectivos relevantes de Desenvolvimento Sustentável.
A Estratégia Nacional para as Alterações Climáticas estabelece a visão da Política Nacional Angolana no horizonte 2035, tendo em conta a necessidade de articular a política angolana em termos de mitigação e adaptação ao impacto das alterações climáticas.
Outro instrumento aprovado na mesma sessão do Conselho de Ministros, que dedicou parte do tempo às questões ambientais, é o Sistema Nacional de Monitoramento, Reporte e Verificação da Política Climática. Este instrumento pretende regular o fluxo de dados que permitem a elaboração e aprovação das informações confiáveis, transparentes e abrangentes dos efeitos positivos ou negativos a nível nacional, a serem submetidas nos termos da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, melhorando, deste modo, os mecanismos de comunicação sobre os registos nacionais e a contabilização das emissões de gases de efeito estufa.
Foi, igualmente, aprovada a Estratégia Nacional de Educação Ambiental para o período 2021-2027. Diferente dos anteriores, este instrumento visa o desenvolvimento e implementação de acções conjugadas no domínio da literacia ambiental dos cidadãos. Tem como objectivo promover a consciencialização para questões relacionadas com o ambiente e a participação dos cidadãos no processo de protecção do ambiente, contribuindo para a mudança do estilo de vida e influenciar, de forma natural, na melhoria das condições em matéria de qualidade ambiental, concretamente nos domínios da gestão de resíduos e permitir uma melhor poupança dos fundos públicos aplicados no sistema de saneamento básico.
Destacada criação de Observatório Climático e Ambiental Nacional
Ainda no Sector do Ambiente, o Conselho de Ministros criou o Observatório Climático e Ambiental Nacional, que se constitui num órgão orientador do Estado para a tomada de decisões políticas para a adaptação aos efeitos das alterações climáticas em território nacional.
Este Observatório vai incluir a incidência cíclica de estiagem, inundações e outros efeitos das alterações climáticas, baseados nas tendências resultantes de estudos e observações climáticas, bem como na melhoria da percepção e compreensão dos riscos para a saúde que decorrem das alterações climáticas. A intenção é permitir que, de forma mais efectiva, se possa antecipar e limitar as ameaças à saúde do ser humano e às infra-estruturas sociais e económicas.
Presidente João Lourenço reúne com vários líderes
O Presidente da República, João Lourenço, que discursou, terça-feira (02), na cidade de Glasgow, Escócia, na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), apresentou as acções concretas que Angola desenvolve em defesa do planeta. Durante o evento, manteve encontros com vários líderes mundiais .
O Presidente da República, João Lourenço, regressou na manhã desta quarta-feira (3) ao país proveniente de Glasgow, Escócia, onde participou na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26).
À chegada no Aeroporto Internacional “4 de Fevereiro”, em Luanda, o Chefe de Estado, acompanhado da primeira-dama, Ana Dias Lourenço, recebeu cumprimentos de boas-vindas do vice-presidente da República, Bornito de Sousa, e de outros membros do Executivo.
Em Glasgow, o Chefe de Estado discursou na COP26, onde reafirmou o compromisso de Angola em continuar comprometida com as alterações climáticas através de um modelo de desenvolvimento de baixo carbono.
À margem da Conferência, João Lourenço manteve, igualmente, encontros informais com vários líderes mundiais e participou numa cimeira sobre a adaptação e aceleração de África.
#EstadosUnidos #JoeBiden #AcordoClimatico #Acordo de Paris
Retirado do teleSUR .
O presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, anunciou que não proibirá o método de extração de óleo conhecido como fraturamento hidráulico ou “fracking”, como havia prometido durante sua campanha eleitoral.
“Não vamos banir o fracking, vamos proteger e aumentar os empregos”, disse ele durante discurso na Casa Branca, em que anunciou outras medidas para enfrentar a crise climática. “Na minha opinião, já esperamos muito tempo para resolver o problema crise climática. Não podemos esperar mais ”, acrescentou.
Biden disse que vai rever as práticas de outorga de licenças no setor de energia e as concessões “relacionadas a combustíveis fósseis” já existentes em territórios federais. ”Nesse sentido, afirmou que seria proibido o“ fraturamento ”em terras federais, o que inclui a Uma minoria das áreas usadas para esse fim nos Estados Unidos, enquanto a prática continuará nos 90% restantes.
Deve-se notar que o fraturamento hidráulico foi uma questão essencial durante a última campanha eleitoral em estados importantes como a Pensilvânia, onde esse método de extração de gás natural é amplamente utilizado.
Durante uma coletiva de imprensa com o vice-presidente Kamala Harris e o enviado presidencial especial para o clima, John Kerry, o presidente também anunciou a criação de novos papéis climáticos, milhares de empregos e a restauração da “integridade científica” em seu governo.
Biden cumpriu a promessa de reunir o país ao Acordo de Paris, do qual havia oficialmente deixado em novembro após anos de esforços do governo Trump. Além disso, ele suspendeu o gasoduto Keystone XL resistido.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, em entrevista coletiva divulgada nesta quinta-feira na sede da multinacional, anunciou as dez prioridades que a ONU está considerando para 2021.
Entre as prioridades, Guterres destacou a produção de vacinas contra a Covid 19, que “são a primeira grande prova moral que temos pela frente. Eles devem ser percebidos como bens públicos globais, disponíveis e acessíveis para toda a população ”.
“Deve ser o ano em que mudamos a velocidade e colocamos o mundo no caminho certo”, disse Antonio Guterres, que destacou a necessidade de responder à pandemia Covid-19, ter uma recuperação econômica e sustentável e “fazer as pazes com a natureza e biodiversidade “.
Outras prioridades indicadas na intervenção foram encontrar os mecanismos para erradicar a pobreza e a desigualdade, alcançar a igualdade de gênero e superar as divisões geopolíticas.
Entre os objetivos também se destacou o de reconstruir o regime de desarmamento e não proliferação nuclear, bem como aproveitar as possibilidades oferecidas pelas tecnologias digitais “sem deixar de nos proteger dos perigos crescentes que o ciberespaço representa”, explicou Guterres.
O mais alto representante da ONU também alertou que para isso “parar a pandemia de Covid-19, relançar a economia de forma sustentável e inclusiva e fazer as pazes com a natureza, enfrentando as mudanças climáticas e a destruição da biodiversidade. Tudo sempre desde unidade, solidariedade internacional e multilateralismo ”.
O secretário-geral da ONU também pediu a reversão do “ataque aos direitos humanos”. Para esse fim, ele destacou a necessidade de eliminar a desigualdade racial, “levantar-se contra a ascensão do neonazismo e da supremacia branca e promover e proteger plenamente todos os direitos humanos”.
Retirado do Pupila Insomne . Razones de Cuba . Por: Roberto Montoya
De volta ao normal’. É isso, os infernais quatro anos de Trump acabaram, suas explosões, seu autoritarismo crescente, seu machismo exacerbado, sua xenofobia e racismo, seus ataques à mídia, sua intolerância, arrogância, seu apoio à supremacia branca e suas milícias, seu apoio para a polícia de gatilho fácil contra a comunidade afro-americana, suas mentiras sistemáticas, sua gestão criminosa da pandemia Covid-19, sua política agressiva em relação ao meio ambiente, sua ruptura com importantes tratados internacionais.
A saída de Trump da Casa Branca é um alívio para o mundo inteiro, sem dúvida e pelo fato de haver mais mulheres no Gabinete de Biden do que nunca, o que também reflete a grande diversidade étnica dos Estados Unidos e até a diversidade sexual. orientação, é, pelo menos simbolicamente, uma mudança positiva importante.
Mas e agora? O que se pode esperar deste novo mandato? O que será de Trump e do movimento de extrema direita que ele lançou?
Um discurso cheio de imprecisões e bom humor
“Sem unidade não há paz, apenas raiva e amargura. Não há progresso, apenas caos ”, disse Joe Biden em seu discurso no Capitólio ao assumir o cargo de 46º presidente dos Estados Unidos. “Unidade”, talvez sua palavra mais repetida.
“Podemos fazer dos Estados Unidos uma força que direciona o bem em todo o mundo”, uma espécie de frase imperial que nunca falta num discurso presidencial, seja de um republicano ou de um democrata, como as invocações a Deus e o apelo a orem todos juntos.
Praticamente não havia mais mensagens. Lugares comuns, tópicos, generalidades, discurso tradicional, sem compromissos firmes, sem mensagem mobilizadora.
Confrontado com “Vamos fazer a América grande novamente” e “América em primeiro lugar” de Trump, bondade em sua forma mais pura.
Coerente com o perfil de candidato “moderado” que Biden imprimiu em sua campanha eleitoral desde o início. Uma contenção e passividade, uma falta de reação aos constantes escândalos e a gestão delirante da pandemia de Trump, que muitas vezes exasperou os eleitores democratas e os fez duvidar que o candidato de seu partido realmente tivesse um programa alternativo que oferecesse.
Quando Trump denunciou as desigualdades sociais
Vamos comparar os discursos. O que disse um milionário do setor imobiliário e apresentador de reality show como Donald Trump em 20 de janeiro de 2017, quando assumiu a presidência na escadaria do Capitólio?:
“Washington floresceu, mas o povo não compartilhou dessa riqueza. Os políticos prosperaram, mas empregos foram perdidos e empresas fechadas. O ‘establishment’ protegeu-se, mas não os cidadãos do nosso país ”.
“As vitórias deles não foram as suas; seus triunfos não eram seus triunfos; e embora festejassem na capital do nosso país, as famílias com dificuldades financeiras pouco tinham para festejar no nosso país ”.
E Donald Trump sacudiu a multidão, centenas de milhares de pessoas na esplanada do Capitólio quando ele prometeu:
“Tudo isso muda aqui e agora, porque este momento é o seu momento: pertence a você” “É de todos os que se reuniram aqui hoje e de todos que nos vêem nos Estados Unidos.” “Os esquecidos homens e mulheres de nosso país não serão mais esquecidos. Todo mundo escuta agora ”.
Trump falou sobre as desigualdades sociais, disse-lhes que “uma nação existe para servir seus cidadãos”, falou de “mães e crianças presas na pobreza em nossos centros urbanos; empresas enferrujaram e se espalharam como lápides por todo o território nacional ”.
Ele também denunciou “um sistema educacional cheio de dinheiro, mas que priva nossos belos e jovens alunos de conhecimento” e muito mais.
Um discurso muito estudado. O mundo de cabeça para baixo. Trump, um milionário enriquecido pela especulação imobiliária, um bandido grotesco e misógino ‘showman’ de reality shows, sem experiência política e que mesmo muitos no próprio Partido Republicano não levavam a sério, fez uma radiografia da situação social no Estados Unidos com algumas frases que pareciam tiradas do show Bernie Sanders.
Nem democratas como Clinton, Obama, nem agora Biden, chegaram a dizer realidades como essas nem em seu primeiro discurso nem em nenhum de seus discursos.
Demagogia por parte de Trump? Uma verdadeira piada. Trump denunciou algumas das terríveis consequências sociais da globalização e do neoliberalismo, da desindustrialização de importantes áreas do país, atribuindo-as exclusivamente aos governos democráticos, embora ele próprio fosse fruto, beneficiário e defensor desse mesmo sistema.
À eficácia de seu diagnóstico, ele acrescentou uma boa dose de xenofobia e racismo, culpando tanto o imigrante quanto o capital e governos estrangeiros por todos esses males.
Um discurso que rapidamente comprou uma parte importante daqueles trabalhadores e empresários que não participaram dos espólios da globalização, ou do offshoring e dos acordos de livre comércio, mas foram afetados por eles.
Trump também se tornou um fervoroso antiaborto e um ferrenho defensor dos princípios ideológicos ultraconservadores quando iniciou sua campanha eleitoral, que conseguiu atrair o voto das poderosas igrejas evangelistas, cada vez mais influentes no mundo da política, justiça e vida cultural e social.
Trumpism não está morto
Trump jogou bem seu truque, funcionou.
Ele fez um populismo de direita altamente eficaz. O homem que, poucos meses após o início do seu mandato, já estava acabado por muitos, mostrou que após quatro anos dando benefícios fiscais e de toda espécie ao grande capital industrial e financeiro, e às grandes fortunas, privando a saúde e a proteção social da população, obteve sete milhões de votos a mais do que em 2016.
Mesmo após o impeachment e meses de gestão escandalosa e criminosa da pandemia, Trump continuou a ter índices de popularidade surpreendentes e conseguiu arrastar todo o Partido Republicano para sua loucura.
Mas Biden viu sua chance no final. O narcisismo e a onipotência acabaram fazendo um movimento ruim para Trump; Ele puxou a corda até que se quebrou.
O número de mortos aumentou cada vez mais, a situação pandêmica saiu completamente fora de controle, ele viu que estava perdendo terreno, tentou atrasar as eleições e, não conseguindo, denunciou que haveria fraude, tudo se precipitou.
Os últimos meses da administração Trump foram patéticos.
O presidente ficava cada vez mais sozinho, perdia apoio no próprio governo, no governo, na Suprema Corte cuja maioria conservadora se fortalecia, e as fissuras internas no Partido Republicano já eram visíveis.
O não reconhecimento dos resultados eleitorais e a obstrução da transmissão do poder mostraram um descontrole político e pessoal sem precedentes em um presidente derrotado nas urnas.
Muitos como o fiel e servil vice-presidente Mike Pence acabaram pulando do navio no último minuto antes de ele afundar, tentando salvaguardar seu próprio futuro político.
Biden teve assim sua oportunidade de ouro, sua tática de ver o cadáver de seu adversário passar diante de sua porta, como dissemos nestas páginas, finalmente funcionou.
Trump cometeu suicídio e seu cadáver político realmente passou pela porta de Biden.
Seu último ato foi negar a vitória eleitoral a ponto de convocar milícias da supremacia e da extrema direita para tomar o Capitólio em sessão plena.
Mas mesmo que Trump esteja definitivamente fora do grande cenário político, se hipoteticamente o novo impeachment democrata contra ele prosperar e ele for desqualificado para o cargo público, o trumpismo dificilmente desaparecerá.
Um presidente como Joe Biden poderá adotar medidas concretas que minem o apoio que o Trumpismo tem em amplos setores da sociedade?
Não é fácil ser otimista sobre isso. Joe Biden não é Bernie Sanders e não está claro se este, seu povo e a pressão dos movimentos sociais, embora tenham aumentado nos últimos anos, possam realmente influenciar a política do novo presidente.
Biden é um homem do estabelecimento ao longo da vida, um claro representante desse modelo neoliberal com o qual os governos democrata e republicano têm contribuído para acentuar cada vez mais as desigualdades sociais nos Estados Unidos, transformando-os em um império com pés de barro.
Trump soube pescar no pesqueiro das vítimas desse modelo e lançou um movimento que certamente continuará a ter peso dentro do Partido Republicano como o Tea Party na época. Ou ele e seus apoiadores acabarão causando um cisma no partido.
Biden e o Partido Democrata têm duas opções:
Um, tirar lições do fenômeno Trump, retificar, não repetir o modelo Clinton ou Obama, assumir de uma vez por todas que as estruturas fundamentais do sistema atual foram exauridas e aceitar, pelo menos parcialmente, alguns dos aspectos fiscais, trabalhistas e ambientais mais importantes e reformas sociais, delineadas por Sanders e a equipe de jovens parlamentares que o apóia.
Dois, continue tentando navegar com empena como durante a campanha eleitoral. Supondo apenas superficialmente, de frente para a galeria, algumas das reformas propostas pela esquerda democrata e movimentos sociais, enquanto faz constantes acenos de cabeça ao setor mais “moderado” do Partido Republicano e dissidentes do PR, como o Projeto Lincoln e outros grupos do família conservadora.
No ambiente de Biden, não são poucos os que nos últimos dias favorecem esta última opção por argumentarem que o Partido Republicano caminha para uma fratura e que, ao inclinar o governo para a direita, pode enfraquecê-lo ainda mais, facilitando importantes acordos estaduais. bipartido. Seria seguir uma estratégia como a que ele tentou várias vezes durante o governo Obama e falhou.
Dessa forma, afirmam eles, 2022 poderia ser alcançado em melhores condições para se conseguir nas eleições legislativas de meio de mandato para aumentar a maioria democrata em ambas as Casas.
O fato de o grande capital ter votado em Biden na maioria nesta ocasião não augura precisamente que ele pode ser definido pela primeira opção, nem o equilíbrio de forças que continua a prevalecer dentro de um Partido Democrata estagnado o augura.
Os primeiros 100 dias de graça para o novo governo
Em todo caso, por enquanto Biden terá seu período de carência, ele poderá manter alguma ambigüidade. Trump facilitou que a mudança de governo fosse notada rapidamente.
Uma nova política firme e coerente para enfrentar a crise da saúde, com uma coordenação federal dos 50 estados que não existe hoje, e a aprovação de um pacote de medidas sociais para amenizar as consequências que a devastação da Covid-19 causou em milhões pessoal, certamente serão alguns dos primeiros passos que permitirão a Biden iniciar seu mandato com o pé direito e fazer a diferença.
Seus primeiros decretos executivos já incluem a obrigatoriedade do uso de máscaras em prédios públicos federais e o retorno à Organização Mundial da Saúde, que aponta nessa direção. Ele também decidiu congelar a construção do muro na fronteira com o México – uma das promessas estrela de Trump inacabada -; acabar com a política criminosa de separar pais e filhos imigrantes que tentam entrar nos Estados Unidos, e reiterou sua promessa de regularizar a situação de 11 milhões de pessoas sem documentos por meio da Lei de Cidadania dos Estados Unidos.
Uma promessa semelhante também foi feita por Obama em 2009, quando assumiu o poder – com Biden como vice-presidente – e que deixou por cumprir após oito anos no cargo.
Entre os primeiros quinze decretos presidenciais já assinados por Biden está também o anúncio do retorno dos EUA ao Acordo de Paris contra as mudanças climáticas e a revogação da licença concedida para a construção do oleoduto Keystone XL entre os EUA e o Canadá.
Entre os primeiros quinze decretos presidenciais já assinados por Biden está também o anúncio do retorno dos EUA ao Acordo de Paris contra as mudanças climáticas e a revogação da licença concedida para a construção do oleoduto Keystone XL entre os EUA e o Canadá.
Espera-se que nos próximos dias e semanas Biden anuncie outras medidas internas de conteúdo social para tranquilizar a população, e que o faça também em questões de política externa para mostrar aos seus aliados e a todo o mundo que “os Estados Unidos volta à normalidade ”ou, como disse em seu discurso inaugural,“ para direcionar o bem no mundo ”.
É do interesse de Biden e do Partido Democrata que o impeachment de Trump se concretize e ele seja desqualificado para ocupar cargos públicos vitalícios.
No entanto, não é conveniente para eles que o impeachment do ex-presidente se sobreponha no tempo e retire o impacto político e midiático desse primeiro período de grandes anúncios do novo governo.
Embora nenhuma grande surpresa possa ser esperada de um governo com um homem do establishment como Biden no comando, somente depois desse período de carência é que se pode confirmar qual será o perfil final do novo governo.