Caracas, 11 de Julho (Prensa Latina) O Secretário da ALBA-TCP, Sacha Llorenti, questionou hoje as declarações sobre Cuba emitidas pelo Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken e pelo Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell.
Cuba rejeita declarações da Secretária de Estado dos EUA
Através da sua conta na rede social, Llorenti afirmou que ambos os funcionários não têm o direito ou autoridade “de tentar dar lições a Cuba sobre qualquer coisa”, em referência a declarações emitidas sobre os motins e actos de vandalismo registados na ilha a 11 de Julho de 2021 como parte de um plano de desestabilização.
“Devem olhar para si próprios no espelho do cumprimento das suas responsabilidades perante o direito internacional e a Carta das Nações Unidas”, disse o chefe da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado Comercial do Povo.
Anteriormente, o Ministro dos Negócios Estrangeiros cubano Bruno Rodríguez rejeitou as declarações feitas pelo Secretário de Estado Anthony Blinken, nas quais reiterou o apoio de Washington aos acontecimentos que tiveram lugar na ilha em Julho do ano passado.
Numa mensagem publicada no Twitter, o ministro dos negócios estrangeiros disse que as declarações de Blinken confirmam o envolvimento do governo dos EUA nas tentativas falhadas de subverter a ordem e a paz em Cuba.
Nos últimos dias, o Departamento de Estado norte-americano emitiu várias comunicações descritas em Havana como interferências, bem como o anúncio de novas restrições de vistos para cerca de vinte funcionários governamentais na ilha.
Em relação às declarações emitidas pelo Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, o Ministro dos Negócios Estrangeiros Bruno Rodríguez declarou que ao bloco da UE falta a autoridade moral para fazer juízos de valor sobre a situação cubana.
Acrescentou que a UE deveria preocupar-se com os seus próprios problemas e com as frequentes violações dos direitos humanos nos seus estados membros.
Este fim-de-semana, o Presidente cubano Miguel Díaz-Canel disse à imprensa que a 11 de Julho os cubanos estão a celebrar a vitória sobre uma tentativa de golpe de vandalismo e reafirmou que as pessoas perseguidas criminalmente por estes actos tinham todas as garantias constitucionais.
A Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado Comercial do Povo (Alba-TCP) realiza desde terça-feira em Caracas o Primeiro Encontro da Alba Digital, um evento que reúne representantes de 13 nações e visa propor estratégias de trabalho em consonância com a evolução dos meios digitais.
Na sessão de terça-feira, o Vice-Presidente venezuelano Freddy Ñáñez, que é também Ministro das Comunicações, salientou a necessidade de “gerar um laboratório de produção de conteúdos relevantes para as redes sociais”.
O Vice-Presidente Freddy Ñáñez salientou que as diferenças em cada uma das redes sociais devem ser consideradas para transmitir melhores mensagens. | Foto: @ALBATCP
Tomando como preceitos os defendidos pelo Alba-TCP, o funcionário do país sul-americano referiu-se ao valor da formação de influenciadores para promover a geração de conteúdos de ponta.
“A formação que necessitamos em termos das experiências que temos, que foram construídas noutros países, como gerar uma instância de troca de experiências, como gerar uma instância ao nível mais detalhado, técnico, operacional e também teórico, filosófico, porque esta é uma batalha semiótica por um lado, e por outro lado é uma batalha instrumental concreta”, sublinhou Ñáñez.
O ministro apelou à reflexão sobre as experiências de cada membro da Alba-TCP em termos da oferta educacional para formar influenciadores, “do ponto de vista da formação académica para mediar e moderar o consumo de informação digital, seja através de jogos de vídeo, informativos ou recreativos”.
Ñáñez também exemplificou como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) treinou, para além de grupos de reflexão, operadores em redes sociais “aparentemente inofensivos”, mas que trabalham “para mobilizar qualquer agitação social, despertá-la e dirigi-la para algum lugar”.
Neste sentido, salientou que as diferenças nos algoritmos dos formatos das redes sociais devem ser consideradas, pois “a produção de conteúdos para Tiktok não é a mesma que a produção de conteúdos para Instagram”, uma vez que são escritos e concebidos códigos diferentes para cada um deles.
A Primeira Reunião da Alba Digital está em sessão desde terça-feira no salão Simón Bolívar do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Povo na capital venezuelana.
Esta quarta-feira, 22 de Junho, marca um novo aniversário do Dia da Unidade da América Latina e Caraíbas, e é recebida com renovado encorajamento após o triunfo eleitoral de opções progressivas que promovem a integração da região e a consolidação de iniciativas que trabalham para este objectivo.
Foi em 2001 quando o Parlamento Latino-Americano (Parlatino) decretou que o Dia da Unidade Latino-Americana e das Caraíbas fosse celebrado a cada 22 de Junho, data em que o Congresso Amphictyonic foi instalado em 1826.
O Congresso Amphictyonic, instalado a 22 de Junho de 1826 na Cidade do Panamá, respondeu aos sonhos de integração que o Libertador Simón Bolívar tinha e cujo objectivo era colaborar na consolidação da unidade das novas repúblicas, criando uma confederação de povos latino-americanos do México ao Chile e à Argentina.
Governos progressivos Nos últimos anos, opções progressistas no subcontinente ganharam eleições para estabelecer governos integracionistas, de que são exemplos o México, Argentina, Venezuela, Nicarágua, Bolívia, Peru, Chile, Honduras e, mais recentemente, a Colômbia, que será governada a partir de Agosto pelo esquerdista Gustavo Petro.
Após a vitória eleitoral de Petro na segunda volta, a 19 de Junho, o Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador (AMLO), disse que a sua chegada marcou o início de “uma nova etapa” na região da América Latina e das Caraíbas.
"Propongo a América Latina integrarnos más decididamente, le propongo a Colombia mirarnos como latinoamericanos". Los primeros pasos de @petrogustavo para la integración regional.@teleSURtvpic.twitter.com/ogvEeLvAJ2
Recordou também que “quando chegámos (em 2018) havia poucos países com governos progressistas. Desde a nossa chegada, começou uma nova etapa e houve triunfos importantes, e o de ontem foi histórico”, disse ele em referência à vitória de Petro.
A América Latina deverá assistir a um aumento do número de administrações progressistas em Outubro próximo, quando os brasileiros irão às urnas para eleger um novo presidente entre o de direita Jair Bolsonaro, que procura ser reeleito, e o de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que procura regressar ao poder e é considerado um favorito nas urnas.
União sem exclusões Outro momento recente de consolidação da integração regional teve lugar no âmbito da 9ª Cimeira das Américas, realizada em Junho em Los Angeles, Califórnia, onde o país anfitrião, os Estados Unidos (EUA), excluiu os governos de Cuba, Venezuela e Nicarágua.
Após tomar conhecimento desta decisão, o Presidente mexicano López Obrador, e outros como os das Honduras, Argentina e Bolívia, entre outros, condicionaram a sua presença no conclave continental à participação dos líderes das nações excluídas.
Num artigo publicado recentemente, o embaixador venezuelano no México, Francisco Javier Arias Cárdenas, declarou que “as declarações do México, Argentina, Honduras, Cuba, entre outros países irmãos, sobre a decisão dos EUA de impedir que a voz e os sentimentos dos nossos povos sejam ouvidos na Cimeira das Américas, ratificam que o destino da região é a união, a fraternidade, a cooperação, a solidariedade e a complementaridade, que permitem acordos e pactos a favor dos interesses dos mais afectados nas nossas sociedades”.
Recordou que a recente Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado Comercial dos Povos (ALBA TCP), realizada em Cuba, apelou à “necessidade de uma mudança nas relações hemisféricas, à não ingerência nos assuntos internos, ao uso da ameaça e da força, à resolução pacífica de disputas e à autodeterminação dos povos”. Estas são exigências de unidade construtiva entre os povos da América Latina e das Caraíbas.
ALBA-TCP e Celac Nos últimos meses, organismos integracionistas como a ALBA-TCP e a Comunidade de Estados da América Latina e Caraíbas (Celac) reforçaram o seu papel como organizações para a unidade regional.
Celac, cuja presidência pro tempore é exercida pela Argentina em 2022, denunciou – na voz do Presidente argentino Alberto Fernández – a política de exclusão dos EUA na Cimeira das Américas.
“Teríamos gostado de outra Cimeira das Américas”. O silêncio daqueles que estavam ausentes desafia-nos. Para que isto não volte a acontecer, gostaria de deixar claro para o futuro que o facto de sermos o país anfitrião da Cimeira não nos dá a capacidade de impor um ‘direito de admissão’ aos países membros do continente”, disse o Presidente argentino Alberto Fernández no seu discurso na reunião plenária do conclave hemisférico.
A ALBA-TCP, por seu lado, na sua 21ª cimeira em Havana, Cuba, emitiu uma declaração na qual repudiava as exclusões e o tratamento discriminatório por parte dos EUA na Cimeira das Américas, realizada em Los Angeles.
A declaração considerava a exclusão de vários países da Cimeira das Américas como sendo “arbitrária, ideológica e politicamente motivada”.
Em contraste, a ALB-TCP ratificou-se como um instrumento para a união dos povos, baseado nos princípios da solidariedade, justiça social, cooperação e complementaridade económica; com uma verdadeira integração regional liderada pela CELAC e com os postulados da Proclamação da América Latina e das Caraíbas como Zona de Paz.
Isto não foi um apelo a mais ajuda de armamento para a guerra na Ucrânia. Nem de procurar aliados para se juntarem à festa das sanções contra a Rússia. A Cimeira da ALBA que Havana acolheu na sexta-feira passada foi uma reunião para falar de unidade, solidariedade, compromisso com os povos na procura de fórmulas para ultrapassar as vicissitudes da pandemia e as medidas coercivas impostas pelos Estados Unidos e pela Europa contra alguns dos nossos países.
Ao rever os acordos de todas as cimeiras da ALBA, desde a sua criação em Dezembro de 2004 até hoje, em nenhuma delas os líderes da América Latina e das Caraíbas passaram sequer um minuto a propor guerras ou a aplicar sanções, e em todas elas os valores de união e solidariedade presidiram à agenda do debate.
Desde a sua criação em 2004, a ALBA tem dado ênfase ao trabalho social. Foto: Alberto Borrego.
Ao mesmo tempo, se olharmos para o que tem sido discutido em algumas cimeiras da União Europeia, ou aquelas patrocinadas pelos Estados Unidos, seja nas Américas ou através dos mares, o foco do debate tem sido o apoio material às guerras lideradas por Washington e pela NATO, ou a aplicação cada vez mais em voga de sanções contra aqueles que não aceitam os ditames da Casa Branca.
Como se afirma nos documentos conceptuais, “a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado Comercial (ALBA-TCP) é uma plataforma para a integração latino-americana e caribenha, histórica e sem precedentes, com ênfase na dimensão social, que toma o ser humano como fundamento e epicentro da integração, baseada na solidariedade, complementaridade, justiça e cooperação, unindo as capacidades e os pontos fortes dos países que a compõem”.
A visão de dois líderes históricos, Fidel Castro e Hugo Chávez, que avançaram no tempo para as figuras de Simón Bolívar e José Martí, tornou-se a base para esta Aliança.
Numa das suas Reflexões, Fidel escreveu a 19 de Outubro de 2009:
“A ALBA, criada pela República Bolivariana da Venezuela e Cuba, inspirada pelas ideias de Bolívar e Martí, como um exemplo sem precedentes de solidariedade revolucionária, mostrou o quanto pode ser feito”.
Recordemos também que a ALBA semeou esta solidariedade humana em aspectos concretos como a colaboração médica e educacional, criando espaços como a formação de profissionais de saúde na Escola Latino-Americana de Medicina; a Operação Milagre, que devolveu a visão a centenas de milhares de pessoas dos estratos mais pobres dos nossos povos, e o programa Yo sí puedo, que conseguiu ensinar milhões de pessoas a ler e a escrever.
A ALBA não sanciona, mas oferece solidariedade. Não oferece o que tem a oferecer, mas partilha o que tem. Portanto, a sua filosofia pode ser considerada a mais humana, diametralmente oposta àqueles que usam o ódio e o egoísmo como instrumentos para impor formas neocoloniais de existência, cuja base é um sistema doente e decadente, tal como o actual neoliberalismo.
Os nossos países da América Latina e das Caraíbas, em tempos difíceis como o actual, deveriam fazer suas as reflexões de Fidel quando perguntou: “Qual é o destino dos países balcanizados da nossa América? Que lugar irão ocupar no século XXI? Que lugar irão ficar, qual será o seu papel se não se unirem, se não se integrarem?
“Para erradicar esta dívida temos de nos unir, para conquistar a nova ordem económica internacional temos de nos unir, para alcançar a integração temos de nos unir”.
Quando revemos a história, podemos ver que os projectos poderiam ter sido alavancados em momentos favoráveis e, devido à vontade política, não foram implementados na prática. A questão da ameaça de soberania e bloqueios financeiros às nações latino-americanas tem muito a ver com o atraso na estruturação de uma Unasul com um viés de segurança para as suas nações no campo militar e a instalação do Banco do Sul devido à falta de apoio financeiro.
Estas ideias são partilhadas pelos grandes líderes de esquerda da região, tais como Fidel Castro, Rafael Correa, Néstor Kirchner, Evo Morales e Daniel Ortega. Mas principalmente o protagonismo de Hugo Chávez. Isto foi feito formalmente, Banco Alba, Banco do Sul e Unasur, de acordo com as notas oficiais assim registadas.
“26 de Janeiro de 2008 tem uma conotação especial para os países membros do projecto de integração conhecido como a Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA): nesse dia foi fundado um novo tipo de instituição financeira em benefício dos países em desenvolvimento, ou seja, foi assinado o Acto Fundador do Banco ALBA. Pouco antes, no domingo 9 de Dezembro de 2007, o Acto Fundador do Banco do Sul tinha sido assinado em Buenos Aires, Argentina”.
“Tanto a criação do Banco da ALBA como do Banco do Sul constituem passos importantes para o desenvolvimento económico e social dos países da região e, mais do que isso, são instrumentos de financiamento para os países membros da ALBA para eliminar as dependências geradas pelo endividamento externo e para abolir as condições impostas pelas organizações internacionais”.
“A União das Nações Sul-Americanas, Unasul, é uma organização internacional criada em 2008 para promover a integração regional nas áreas da energia, educação, saúde, ambiente, infra-estruturas, segurança e democracia. Os seus esforços visam aprofundar a união entre as nações sul-americanas, sob o reconhecimento dos seus objectivos regionais, forças sociais e recursos energéticos.
A República Argentina, o Estado Plurinacional da Bolívia, a República Federativa do Brasil, a República da Colômbia, a República do Chile, a República do Equador, a República Cooperativa da Guiana, a República do Paraguai, a República do Peru, a República do Suriname, a República Oriental do Uruguai e a República Bolivariana da Venezuela são os seus doze Estados Membros. Devido à diversidade dos países membros.
Todas as acções da Unasul visam a construção de uma identidade regional, baseada numa história partilhada e sob os princípios do multilateralismo, do Estado de direito nas relações internacionais e do respeito absoluto pelos direitos humanos e pelos processos democráticos. “A União das Nações Sul-Americanas pretende construir, de forma participativa e consensual, um espaço de integração e união cultural, social, económica e política entre os seus povos, dando prioridade ao diálogo político, políticas sociais, educação, energia, infra-estruturas, financiamento e ambiente, entre outros, com vista a eliminar as desigualdades socioeconómicas, alcançar a inclusão social e a participação dos cidadãos, reforçar a democracia e reduzir as assimetrias no quadro do reforço da soberania e independência dos Estados” (Tratado Constitutivo. Brasília, 23 de Maio de 2008).
Mas após a implementação de um projecto, é necessário avançar para o seu desenvolvimento e execução na prática. Esta foi uma adversidade que não foi superada e que se desenvolveu até aos dias de hoje. No domínio das instituições financeiras, o Brasil, então a sexta maior economia do mundo (hoje com 370 mil milhões de dólares de reservas, e a Argentina, a segunda maior economia do continente), teria um contributo maior a dar do que proporcionar condições reais e operacionais para um financiamento eficaz para impulsionar o crescimento e a integração económica. Apesar de um governo progressista, o Brasil não apoiou eficazmente o objectivo principal da liberalização financeira sul-americana, especialmente tal como elaborado no seu discurso pelo venezuelano Hugo Chávez. Sem um grande montante de capital realizado, não era possível, na prática, uma acção eficaz com uma função original.
Sobre a questão da soberania, a UNASUR, apesar da sua importância na prevenção de um golpe de Estado na Bolívia em 2008, está endividada com a falta de responsabilidade estratégica de evoluir para uma união de forças de estabilização militar semelhante à NATO, face a crises infiltradas da Europa ou dos EUA, o que permitiu uma sequência de operações de guerra híbridas, quer nas Honduras (2009), Paraguai (2012), Brasil (2016) e novamente na Bolívia em 2019. Uma vez mais o Brasil, como a maior nação, e com um forte parque militar regional, absteve-se de tornar possível, com liderança a este respeito, criar protecção com outros vizinhos, para servir e manter a democracia entre os seus membros. A ideia era criar um “Conselho Latino-Americano de Defesa” com apoio militar e de inteligência.
Mas como a história não acaba, o ex-presidente brasileiro e líder continental nesse período compreendeu agora as perdas de não ter o protagonismo necessário no processo que estava a começar. Usando o “indeterminado” nos nomes, na prática admitiu o seu pesar por não seguir as sugestões de Hugo Chávez e Fidel Castro para uma verdadeira integração, tanto económica como em defesa do continente e do povo latino-americano contra as ameaças externas.
O facto ocorreu quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu numa entrevista à Télam, a agência noticiosa pública da Argentina, que a primeira vaga de governos progressistas na América do Sul não conseguiu implementar o Conselho de Defesa Sul-Americano, nem criar o Banco do Sul, com vista à integração entre os países da região.
“Eu sei os erros que cometemos. Sei como éramos ingénuos quando tentámos a aliança. Havia uma grande desconfiança e tinha de ser quebrada. Não precisamos de depender dos Estados Unidos, da União Europeia ou da China”, disse Lula, sem recordar os avisos de Chávez e Fidel de que eles sofrem a mão pesada das sanções quando não fazem o que o Norte exige.
“Estou convencido de que devemos criar o Banco do Sul, o Conselho de Defesa Sul-Americano, criar novas instituições e outros mecanismos que não dependam do governo, porque é necessário, a nível internacional, separar o papel do Estado do papel do governo. Pretendemos reforçar fortemente as relações multilaterais que nos colocarão numa posição de independência em relação ao mundo. Por exemplo, o Banco do Sul. Podíamos ter criado isto e, infelizmente, não o fizemos”, disse Lula na entrevista.
Ele acrescentou: “Sinceramente, se voltar a ser presidente do Brasil, voltarei com muito mais entusiasmo, com muito mais experiência, e dedico-me todos os dias para que, se isso acontecer, mudemos realmente os nossos países. Já não podemos continuar a ser os mais analfabetos, os mais famintos. Isso não é possível. A decisão é nossa. E tenciono, juntamente com outros camaradas, fazer a nossa parte”.
O exagero do republicanismo da esquerda brasileira e o seu engenho custaram-lhe a injusta prisão do seu líder máximo durante 580 dias, e um forte enfraquecimento do parque industrial, a venda de refinarias, principalmente a transferência de reservas petrolíferas e de empresas estatais estratégicas para o capital estrangeiro.
Este facto da história de hoje leva-nos de volta à passividade dos povos originais em acreditar nos colonizadores. No nosso tempo, o neocolonialismo está a fazer o mesmo num modelo actualizado, confiando infelizmente na ingenuidade recorrente que custa a vida e a sobrevivência digna dos nossos povos. Este paradigma tem de chegar ao fim para acabar com a exploração e finalmente gerar uma verdadeira libertação, diferente da do século XIX. No final, a responsabilidade de impedir a continuação das ambições externas reside na determinação dos nossos governantes com o apoio da população.
A Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Acordo Comercial dos Povos (ALBA-TCP) é o coração da integração latino-americana e caribenha, o que foi demonstrado no meio da pandemia de Covid-19, disse o seu secretário executivo, Sacha Llorenti.
Durante uma entrevista exclusiva ao programa Es Noticia do teleSUR, Llorenti salientou na quinta-feira que é necessário “reforçar todos os organismos de integração que defendem a nossa soberania e os nossos interesses”.
“A pandemia contribuiu para uma consciência renovada de que é essencial mudar a direcção da região (…) A ALBA-TCP é o coração da integração latino-americana e caribenha”, disse Llorenti.
Recordou também que este ano foi uma das vitórias da região com a consolidação da democracia na Bolívia, após a derrota de uma tentativa de golpe de Estado, bem como os triunfos eleitorais na Nicarágua, Venezuela, Santa Lúcia e Honduras.
Para além destes acontecimentos, “a vitória em Cuba contra um ataque de desestabilização pelo desejo de interferência dos Estados Unidos”, comentou o secretário executivo.
Também comentou que a Aliança critica a Organização dos Estados Americanos (OEA) porque “não é um organismo de integração, é o bispo do desejo de aplicar a Doutrina Monroe, uma tentativa de interferência”.
Observatório contra a Interferência Por iniciativa do Observatório contra a Interferência promovido pela ALBA-TCP, Llorenti salientou a importância de ter um mapa de como funciona a interferência estrangeira nos assuntos internos dos países da região, “porque a interferência não é apenas uma declaração pública”.
O secretário executivo explicou que na Cimeira da Democracia convocada pelos Estados Unidos (EUA), o seu presidente Joe Biden “falou em investir 400 milhões de dólares naquilo a que chamam “democracia”, o que significa subverter a ordem constitucional em alguns países, promover a divisão e fornecer fundos económicos à oposição”, entre outras acções.
“O Observatório contra a Interferência quer traçar para onde vai esse dinheiro, que organizações não governamentais recebem esse dinheiro”, disse ele.
Também salientou que algumas organizações não governamentais (ONG) “executam a política externa de outros Estados nos nossos países”.
Discurso de Miguel Mario Díaz-Canel Bermúdez, Primeiro Secretário do Comité Central do Partido Comunista de Cuba e Presidente da República de Cuba, na inauguração da 20ª Cimeira da ALBA-TCP, no Palácio da Revolução, a 14 de Dezembro de 2021, “63º Ano da Revolução”.
Versões curtas – Presidência de Cuba
Caros Chefes de Estado e de Governo, Chefes de delegações que nos acompanham;
Compañero Sacha Llorenti Soliz, Secretário Executivo da ALBA-TCP:
São todos bem-vindos e recebem um abraço caloroso e afectuoso do General do Exército Raúl Castro Ruz.
É verdadeiramente estimulante voltar a vê-lo pessoalmente. Retomar as nossas reuniões cara-a-cara em Havana é duplamente inspirador. Não só porque a nossa proximidade é um sinal de que estamos a ultrapassar uma crise de saúde sem precedentes, mas também pela feliz circunstância de o estarmos a fazer para celebrar a 20ª Cimeira da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA-TCP) e para comemorar o 17º aniversário da sua fundação pelos líderes históricos das revoluções cubana e bolivariana, Fidel Castro Ruz e Hugo Rafael Chávez Frías.
Hoje damos um caloroso e afectuoso acolhimento a Santa Lúcia, mais uma vez sentada à volta desta mesa de irmãos que temos orgulho em receber (Aplausos).
Estamos particularmente satisfeitos com a vitória alcançada pelo Partido Socialista Unido da Venezuela e pelo Grande Pólo Patriótico nas recentes eleições regionais (Aplausos). Os resultados destas eleições foram uma retumbante rejeição a todas as campanhas que o império tem vindo a travar há anos contra a nobre pátria de Bolívar e Chávez. A Revolução Bolivariana não só resistiu a todos os ataques: ganhou!
De forma precisa, sob a liderança efectiva de Nicolás Maduro e graças à unidade cívico-militar, as forças revolucionárias e chavistas demonstraram que a razão e a verdade estão do seu lado, e que o destino da Venezuela é decidido pelo povo venezuelano e não pelos interesses e aspirações de dominação que tentam impor a partir do estrangeiro.
Irmão Nicolás, uma vez mais ratificamos o nosso apoio, solidariedade e firme compromisso de lealdade para com o seu povo e governo.
Do mesmo modo, felicitamos especialmente o Presidente Comandante Daniel Ortega Saavedra pela sua vitória nas eleições mais recentes (Aplausos). Mais uma vez, e apesar das fortes campanhas de difamação, o povo nicaraguense cerrou fileiras atrás do Governo de Reconciliação e Unidade Nacional.
A este corajoso povo nicaraguense e aos seus líderes, que juntos desafiam as políticas ameaçadoras e interferentes do Governo dos EUA e dos seus aliados, reafirmamos o nosso apoio permanente e a nossa maior solidariedade.
A recente tentativa de desestabilizar o Estado Plurinacional da Bolívia recebeu uma resposta firme do povo boliviano em estreita unidade com o nosso irmão Presidente Luis Arce Catacora, a quem reiteramos o nosso firme apoio e compromisso. Estamos consigo, irmão Lucho! (Aplausos.)
Estamos também com os nossos irmãos das Caraíbas, apoiando o seu direito a receber tratamento justo, especial e diferenciado, tão necessário para enfrentar os desafios decorrentes das alterações climáticas, das catástrofes naturais, do injusto sistema financeiro internacional e das novas e difíceis condições que nos foram impostas pela pandemia de VIH/SIDA.
Caros irmãos e irmãs:
Com a pandemia, as taxas de pobreza, desemprego e desigualdade na América Latina e nas Caraíbas aumentaram. A injusta ordem económica internacional e o papel secundário reservado dentro dela para a região agravaram este panorama para os nossos povos.
O mais terrível é que a emergência sanitária global não impediu a continuação das decisões neoliberais que favorecem a pilhagem de recursos das nações empobrecidas do Sul.
A cooperação internacional foi relegada para segundo plano e os interesses nacionais foram privilegiados nos países que dispunham de mais recursos para enfrentar a pandemia.
Medidas proteccionistas foram aplicadas de forma criminosa, impedindo e mesmo impedindo que os mais necessitados tivessem acesso urgente a material médico, respiradores artificiais, vacinas, medicamentos, pessoal de saúde e testes de diagnóstico.
Por puro egoísmo político e frio cálculo económico, a rapidez com que os cientistas encontraram vacinas para nos imunizar contra o vírus SRA-COV-2 foi desperdiçada. Nestas condições, os planos globais para lidar com a COVID-19 e a crise económica e social provocada pela pandemia são logicamente insuficientes. Não foi possível alcançar os objectivos estabelecidos.
Consciente da situação dramática gerada pela confluência destes factores, o imperialismo americano não só não parou, como reforçou os seus planos de dominação e hegemonia sobre a nossa região.
Mas as forças progressistas e os movimentos sociais e populares também responderam com uma melhor coordenação para resistir à investida.
Vários dos membros deste mecanismo de integração de que tanto nos orgulhamos são vítimas da aplicação de medidas económicas coercivas unilaterais, que se intensificaram nos piores momentos da pandemia, apelando a manobras políticas e operações mediáticas baseadas em mentiras e poderosas alavancas tecnológicas que o imperialismo não hesitou em utilizar sem uma sombra de vergonha.
Sendo o inimigo mais antigo do império na região, Cuba continua a ser o principal alvo da política obsessiva de perseguição do governo dos EUA, que oportunista e vilmente utilizou a pandemia como aliado nas suas tentativas nunca abandonadas de derrubar a Revolução Cubana.
Atacou e danificou, com campanhas falaciosas e pressões de todo o tipo, a cooperação que prestamos a dezenas de países, incluindo os desta Aliança, embora não tenha conseguido muito com estas manobras vis. Hoje, gostaria de vos agradecer as repetidas expressões de solidariedade e a ajuda atempada que recebemos, especialmente de muitos de vós, durante os momentos mais difíceis da pandemia no nosso país, precisamente quando a política hostil dos EUA contra Cuba mais se intensificou.
Por estas e outras razões, o apelo da actual administração dos EUA a uma chamada Cimeira da Democracia, da qual vários dos Estados aqui representados foram excluídos, é um acto profundamente hipócrita. Uma democracia incrível que exclui e nega outros modelos de desenvolvimento socioeconómico. Com toda a honestidade, deveria chamar-se a Cimeira Não-Democrática.
As nossas democracias não baseiam a sua força no poder do dinheiro ou das armas. Aqueles de nós que reuniram as suas energias e potencialidades em torno da ALBA-TCP não cabem nos moldes concebidos pelo império para os seus súbditos ou seus cúmplices.
A ALBA-TCP nasceu da unidade, é alimentada pela solidariedade e cooperação e afirma-se no poder dos povos para transformar a história.
No meio do pior vendaval que o mundo já enfrentou, a ALBA-TCP não perdeu o seu caminho. Ajustou a prática da solidariedade, o princípio fundador da Aliança, às condições e possibilidades de cada parte, e a cooperação mútua não demorou muito a chegar.
O vulcão que, coincidindo com o pior momento epidemiológico, afectou São Vicente e Granadinas deu-nos também a oportunidade de mostrar o poder desta solidariedade no seio da ALBA.
A Venezuela já o provou. Sob os rigores da guerra económica que enfrentava, estava pronto a partilhar tudo o que podia e fê-lo com outros estados membros da Aliança, particularmente Cuba.
Nicarágua, Bolívia, São Vicente e Granadinas, Granada, São Cristóvão e Nevis, em circunstâncias difíceis, enviaram doações ao povo cubano pelas quais estamos profundamente gratos.
As vacinas que os nossos dedicados cientistas criaram são partilhadas com outras nações da Aliança, enquanto excelentes profissionais e técnicos de saúde cubanos cooperam nos cuidados de saúde.
Esta Cimeira é o culminar de um ano de trabalho árduo e de revitalização da Aliança. Uma dúzia de reuniões realizadas em 2021, bem como a celebração da 19ª Cimeira do nosso mecanismo a 25 de Junho na República bolivariana irmã da Venezuela, serviram para promover múltiplas acções.
Ainda há muito a fazer e estamos conscientes disso, daí o apelo a continuar a reforçar a Aliança.
Neste caminho, encorajo-vos agora a partilhar ideias.
Reafirmo o empenho de Cuba na unidade e na promoção da cooperação e integração regionais, no desenvolvimento do CELAC e na implementação da Proclamação da América Latina e das Caraíbas como Zona de Paz.
Perante os desafios que enfrentamos, Cuba não cessará nos seus esforços para construir uma sociedade socialista cada vez mais justa e humana, mais solidária e mais internacionalista.
E em direcção a esse horizonte só podemos marchar “num quadro apertado, como a prata nas raízes dos Andes”, segundo a frase muito gráfica de José Martí no seu ensaio magistral A Nossa América.
Fidel e Chávez fizeram mais progressos do que qualquer outra pessoa nesse caminho para a integração. É o dever e a honra dos seus humildes seguidores, os seus leais discípulos, promover e reforçar esta magnífica obra.
No contexto do bicentenário do bicentenário dos primeiros actos independentistas na Nossa América, o Presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, AMLO, retomando a ideologia bolivariana, propõe enterrar a Organização dos Estados Americanos, que descreve correctamente como uma organização de lacaios. Devo dizer que o discurso que proferiu no passado dia 24 de Julho no Castelo de Chapultepec em homenagem ao 238º aniversário do nascimento do Libertador, é imperdível, e é um must para o debate político na região, incontornável para qualquer projecto alternativo no continente. (https://www.youtube.com/watch?v=JrvSTSyk2WE)
Qual é a diferença entre o Congresso Amphictyonic de 1826 sabotado do Panamá e a Conferência Pan-Americana de 1948 em Bogotá que deu origem à OEA? Uma grande distância nos seus objectivos, mas o monroísmo e o Santanderismo eram características constantes. O Santander convidou o delegado norte-americano e, com um preconceito claramente racista e político, excluiu o representante do Haiti. Poucas das aspirações integracionistas de Bolívar puderam ser realizadas no Panamá, dadas as apreensões das elites crioulas e a definição americana do continente como o seu espaço natural de expansão imperial, sob a premissa do Presidente Monroe de “América para os Americanos”, entendida como os americanos conhecidos como WASPs (White Anglo-Saxon and Protestant). Apenas 20 anos após o fracasso da reunião do Istmo, o México foi invadido pelos EUA e perdeu metade do seu território, pelo que não é fortuito que a preocupação do actual presidente em trazer o projecto latino-americano do Liberator de volta à mesa não seja fortuita.
Um século após o primeiro ataque imperial ao território latino-americano, e já estabelecido como potência mundial, foi convocada uma Conferência Pan-Americana, mas no interesse de Washington para reforçar o seu controlo político sobre os governos do continente no contexto da Guerra Fria. Não era suficiente, a pretensão do acordo militar do TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca), que claramente não se aplicava quando não era do agrado da Casa Branca – como no caso das Malvinas. Com o Bogotázo ao fundo e uma Colômbia queimada pelo assassinato de Gaitán – que nos legou esta guerra que ainda não terminou – foi fundada a Organização dos Estados Americanos, quase como uma extensão viceregal do Departamento de Estado, e o colombiano Alberto Lleras Camargo – um digno herdeiro de Santander – foi nomeado como primeiro Secretário-Geral da organização. A natureza neo-colonial da OEA, que se calou com o derrube de Arbenz na Guatemala, mas se apressou a expulsar Cuba revolucionária por ordem dos EUA, foi rapidamente posta a nu.
Depois de mais de 70 anos deste olhar diplomático, que em aplicações fraudulentas da sua carta democrática assedia governos que se opõem a Washington, mas manteve o reconhecimento de todas as ditaduras do continente – desde os Somozas a Jeanine Añez, passando por todos os golpes da doutrina da Segurança Nacional com Pinochet à cabeça – vale a pena discutir a sua relevância. Um novo momento político na América Latina exige a recuperação e o reforço de uma nova arquitectura institucional para a região, uma tarefa inevitável para os governos do continente e projectos alternativos, independentemente de ganhos eleitorais ou pressões empresariais.
López Obrador tem razão quando afirma: “É tempo de uma nova coexistência entre os países do continente, o modelo imposto há mais de dois séculos está esgotado, não tem futuro e não tem saída. Digamos adeus às imposições, interferências, sanções, exclusões e bloqueios… É uma questão complexa que requer uma nova visão política e económica. A proposta não é mais nem menos do que construir algo semelhante à União Europeia, mas ligado à nossa história e à nossa realidade, às nossas identidades. Neste espírito, a substituição da OEA por um corpo verdadeiramente autónomo, não um lacaio de ninguém, mas um mediador a pedido e aceitação das partes em conflito, não deve ser excluída. É uma grande tarefa para bons diplomatas e políticos”.
Durante a onda de desafios ao neoliberalismo neste século, surgiram novas propostas de integração e articulação regional, que foram fortemente atacadas face à contra-ofensiva conservadora da última década, mas cuja validade faz parte do debate actual. Para além dos múltiplos acordos de cooperação bilateral e do início de acordos de vários tipos com referências geopolíticas e de cooperação que não Washington, a primeira década do século XXI viu surgir a ALBA-TCP (2004), PetroCaribe (2005), UNASUR e o Conselho de Defesa Sul-Americano (2008), CELAC (2011), bem como a revitalização e expansão do Mercosul. Todos estes organismos foram, desde o início, uma verificação da lógica imperial dos EUA na região e instrumentos diplomáticos fundamentais na disputa continental, embora na maioria dos casos também representassem elementos de consenso com certos interesses hegemónicos e estavam sujeitos à fragilidade inerente à instabilidade política da região.
Quando a AMLO sugere a construção de um modelo semelhante ao da União Europeia, vale também a pena revalidar outras iniciativas essenciais para a soberania regional que não puderam concretizar-se, tais como o Banco do Sul ou o sistema monetário SUCRE. A interdependência económica inerente entre os EUA e o México em particular torna as relações de integração necessárias, mas sem minar a soberania. A AMLO não propõe uma ruptura com os EUA, como denuncia a direita latino-americana. Cooperação para o desenvolvimento e bem-estar de todos os povos da América Latina e das Caraíbas, e um multilateralismo aberto que tiraria a Nossa América da subordinação estratégica da OEA.
O discurso da AMLO coincide com o início da administração do Presidente Castillo no Peru e do seu novo ministro dos Negócios Estrangeiros, o veterano ex-combatente Héctor Béjar, que deixou de facto o auto-denominado Grupo Lima sem Lima. Do México e do Peru, o bloqueio de Cuba está a ser rejeitado, a reactivação de instituições regionais que não a obsoleta OEA está a ser defendida, uma solução sem derramamento de sangue, soberana e institucional para a crise venezuelana está a ser promovida, e estão a ser feitos progressos no reconhecimento da posição de fantoche de Juan Guaidó, em cuja defesa teimosa apenas persiste o Ministério dos Negócios Estrangeiros colombiano, que continua com o discurso obsoleto do terrorismo internacional como se G.W. Bush ainda fosse presidente dos EUA. Bush ainda era presidente dos Estados Unidos da América.
No entanto, para poder assumir a aposta da AMLO de completar o feito inacabado da integração latino-americana, é necessário consolidar os processos democráticos existentes no continente e retirar à direita continental em 2022 os seus dois redutos na Nossa América: a Colômbia, cujos pactos militares e exportação de mercenários são uma ameaça à segurança regional; e o Brasil, uma potência regional, agora sujeita à insanidade fascista de Bolsonaro. Só desta forma, aquela coisa feia que é a OEA, como cantou Carlos Puebla, seria relegada para o museu da ignomínia. O Santanderismo colombiano já enviou o seu artigo de colecção, um símbolo da colecção da OEA: o embaixador ultramontano Alejandro Ordoñez Maldonado, que ainda estou à sua espera nos tribunais e na Comissão da Verdade.
Os países da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Acordo Comercial dos Povos (ALBA-TCP) expressaram a sua mais firme rejeição das novas medidas coercivas unilaterais impostas pelos Estados Unidos a dois funcionários do Ministério do Interior e às Tropas de Prevenção das Forças Armadas Revolucionárias.
A Aliança ratifica a sua solidariedade e apoio ao povo e ao governo de Cuba, disse Sacha Llorenti, o secretário executivo da organização, na sua conta do Twitter.
A ALBA-TCP condenou a aplicação de medidas coercivas unilaterais que violam os princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas, e reiterou que estas mostram o carácter intervencionista de um Estado que transgride as disposições do Direito Internacional e procura gerar situações de desestabilização política.
A organização apelou uma vez mais à comunidade internacional a rejeitar este tipo de intimidação, e a defender a soberania, autodeterminação e independência política dos Estados.
Pela sua parte, o membro da Mesa Política Cubana e Ministro dos Negócios Estrangeiros Bruno Rodríguez Parrilla, também no Twitter, agradeceu aos países da ALBA o seu apoio na rejeição destas medidas oportunistas, que denunciou como reflectindo a duplicidade de critérios de um governo habituado à manipulação e à mentira para manter o bloqueio contra Cuba.
As novas sanções visam os funcionários Romárico Vidal Sotomayor e Pedro Orlando Martínez, ambos da Minint, e as Tropas de Prevenção das FAR.