Lourenço Bule | Menongue
O ex-Presidente de Cabo Verde afirmou, em Menongue, província do Cuando Cubango, que as Eleições Gerais que Angola realizará a 24 de Agosto são uma demonstração clara de consolidação do processo democrático, fortalecimento da unidade e reconciliação nacional entre os angolanos.

Jorge Carlos Fonseca, em declarações terça-feira à imprensa, a saída de um encontro de cortesia com o governador do Cuando Cubango, José Martins, desejou aos angolanos que o pleito eleitoral decorra num clima de paz e de perfeita normalidade, de acordo com os princípios que regem as democracias modernas.
Salientou que os pleitos eleitorais são parte integrante da democracia que é pluralista, o que implica a exigência da realização de eleições regulares e que têm de ser aceites como um fenómeno normal, adaptado à realidade de Angola, para a prosperidade e desenvolvimento dos cidadãos.
“É necessário que não haja pressa na realização de pleitos eleitorais, pois há sempre avanços e recuos. Nesta senda, é necessário sermos bastante pacientes para que, quando convocadas, as eleições possam decorrer sem sobressaltos, de forma ordeira, livre e justa”, defendeu.
Carlos Fonseca, que vai dirigir a missão de observadores eleitorais da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), realçou que o desenvolvimento de um determinado país depende da paz, democracia, estabilidade política e institucional, através de regras consensualizadas por todos e para todos.
O governador da província do Cuando Cubango realçou que Angola é um país democrático e de Direito, onde a democracia e as eleições têm um significado muito grande na vida dos cidadãos. Aos angolanos, José Martins apelou para que se dirijam às assembleias de voto com urbanidade, para que o pleito eleitoral que se avizinha decorra num bom ambiente.
Disse ser necessário que todos os eleitores tomem a decisão de afluírem em massa aos locais de voto para se fazer valer a vontade dos angolanos, na escolha dos novos governantes. José Martins, que é também o primeiro secretário provincial do MPLA, afirmou que o seu partido almeja que as eleições tornem-se numa grande festa da democracia.
Consolidação da democracia
Durante a sua estada de algumas horas em Menongue, o ex-Presidente cabo-verdiano dirigiu uma aula magna sobre “A participação dos jovens na consolidação do processo democrático em África”, promovido pela Fundação Piedoso, em parceria com o Instituto Superior Politécnico Privado de Menongue (ISPPM).
Jorge Carlos Fonseca disse que os africanos têm feito avanços consideráveis em torno da Agenda de Desenvolvimento de África até 2063, cujo projecto é muito ambicioso e se for concretizado, o continente poderá, em breve, ombrear com outros blocos mundiais, nos mais variados domínios.
Caso a Agenda de África para 2063 se concretize, referiu, o continente poderá tornar-se cada vez mais livre e democrático, ver reforçados os direitos fundamentais e de prosperidade dos cidadãos. Sublinhou que, para tal, é necessário trabalhar-se de forma contínua para se promover a paz, as democracias e se acabar com os conflitos internos que afectam ainda um grande número de países.
Defendeu que os jovens africanos devem ser mais ambiciosos com os seus próprios países, procurando obter conhecimentos nos mais variados domínios, para que o continente possa atingir patamares invejáveis, no que toca ao seu desenvolvimento e estabilidade política e social.
Segundo o também docente universitário, para que qualquer país se torne independente, democrático e a liberdade de imprensa se desenvolva, é necessário que os jovens, como a força motriz da sociedade, usem os seus poderes criativos e se comprometam com bem-estar socioeconómico de todos os cidadãos.
Disse que os jovens devem ser proactivos, capazes de terem iniciativas próprias e construtivas que ajudem o país a desenvolver-se a curto prazo.
“Hoje em dia não se pode esperar que o Estado dê emprego a todos os jovens; é impossível. Eles devem se inventar, trabalhar, organizar eventos nos mais variados ramos de actividades e serem empreendedores”, encorajou.
Considerou ainda que as autarquias locais, que consistem em descentralizar os poderes dos governantes, são um dos caminhos mais importantes para o fortalecimento da democracia num determinado país. Carlos Fonseca disse ser com as autarquias que o povo exerce o poder e determina o seu futuro, sem a intervenção directa dos governantes.