Mazarino da Cunha
Os conflitos existentes em África só terão fim quando todos os intervenientes directos e indirectos caminharem de mãos dadas na procura de soluções para uma paz duradour admitiu, ontem, em Luanda, o ministro das Relações Exteriores, Téte António.

Reunião com Representantes Especiais das Nações Unidas para a Região da África Central representa um mecanismo de concertação © Fotografia por: Cedida
Ao intervir na sessão de abertura da reunião de Alto Nível dos Representantes e dos Enviados Especiaissas Nações Unidas que teve início ontem em Luanda e termina hoje, Téte António disse ser imperioso que todos estejam imbuídos do mesmo espírito e de mãos dadas para solucionar os conflitos existentes no continente.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, a reunião de Alto Nível,vai servir para fazer recomendações e reflexões profundas com vista à estratégia comum, capaz de trazer resultados tangíveis em todas as regiões de África.
Este encontro, frisou Téte António, acontece, sensivelmente, uma semana depois da realização da Mini-Cimeira em Luanda sobre a paz e segurança na região Leste da República Democrática do Congo, que culminou com a assinatura do comunicado final e do Plano de Acção.
Téte António referiu que a Mini-Cimeira de Luanda mostrou ser um processo de aprendizagem na medida em que dela saíram decisões que alicerçaram as iniciativas das várias sub-regiões, como, por exemplo, a complementaridade que existe agora entre o Processo de Luanda e o Processo de Nairobi, bem como o apoio das Nações Unidas durante a implementação das deliberações dos Chefes-de-Estados.
O ministro das relações exteriores referiu que a realização da reunião de Alto Nível dos Representantes Especiais e dos Enviados Especiais das Nações Unidas para a Região da África Central é uma iniciativa que se pode tornar num mecanismo de concertação e consulta permanente.
A presença do representante especial do Secretário-Geral para a África Central e chefe do escritório regional das Nações Unidas para a África Central (UNOCA), Abdou Abarry e não só, frisou o ministro das Relações Exteriores, demonstra a dedicação e trabalho em prol das causas mais nobres do continente africano e dos seus povos, bem como da paz e estabilidade mundial.
“O povo africano deve viver em paz para que o desenvolvimento e o respeito sobre os direitos humanos sejam uma realidade em toda sua plenitude”, afirmou o ministro Téte António.
Representante da UNOCA
O secretário-geral para a África Central e chefe do escritório regional das Nações Unidas para a África Central (UNOCA), Abdou Abarry, disse que este é o primeiro dos vários encontros que vão acontecer para analisar a paz e segurança na sub-região africana.
Em dois dias, frisou Abdou Abarry, os participantes discutiram as prioridades comuns dos quadros existentes para orientar uma visão estratégica conjunta que exige o envolvimento das Nações Unidas na sub-região do continente.
Abdou Abarry disse que a reunião de Luanda visou coordenar as acções e complementar os trabalhos das Nações Unidas sobre a paz e a segurança na sub-região.
Para a coordenadora residente das Nações Unidas em Angola, Zahira Virani a realização da reunião de Alto Nível dos Representantes Especiais e dos Enviados Especiais das Nações Unidas para a Região da África Central é um claro sinal de apoio e da importância que Angola tem para a pacificação do continente.
Segundo a coordenadora residente das Nações Unidas em Angola, África precisa de uma forte estabilidade e Angola tem tido um papel crucial, reconhecido no seio das Nações Unidas.
“Precisamos de manter o diálogo e encontrar soluções conjuntas e coordenadas, para conseguirmos avanços concretos na conquista da paz, da segurança e da estabilidade para todos os povos africanos”, sublinhou Zahira Virani.
Além do representante especial do Secretário-Geral para a África Central e chefe do escritório regional das Nações Unidas para a África Central (UNOCA), Abdou Abarry, assistiram ao encontro o representante especial para a República Democrática do Congo e chefe da Missão de Estabilização da Organização das Nações Unidas na RDC (MONUSCO), Bintou Keita, o representante especial para a República Centro-Africana e chefe da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-Africana (MINUSCA),Valentine Rugwabiza, bem como o enviado especial do Secretário-Geral da ONU para a Região dos Grandes Lagos, Huang Xia.
A realização da reunião de Alto Nível dos Representantes Especiais e dos Enviados Especiais das Nações Unidas para a Região da África Central teve a iniciativa do Escritório Regional das Nações Unidas para a África Central (UNOCA).
Téte António apresenta estratégia diplomática
O ministro das Relações Exteriores, Téte António, apresentou, em Bruxelas, Bélgica, a visão estratégica da diplomacia angolana, virada essencialmente à política africana, sem descurar as questões da política externa e da cooperação internacional.
Na sua alocução, no Conselho de Ministros da Organização África, Caraíbas e Pacífico (ACP)/União Europeia (UE), fez saber que os compromissos com outros organismos e organizações internacionais também fazem parte da agenda diplomática do país.
Segundo uma nota de Imprensa, a que Angop teve acesso ontem, o governante explicou que esta aposta se deve à existência de conflitos armados, reinantes em certas regiões, insegurança e penúria alimentar, assim como a necessidade de uma profunda reforma na Organização das Nações Unidas (ONU).
Por outro lado, defendeu que África deve trabalhar para mudar o conceito de um continente de fome, insegurança e de conflito e mostrar ao mundo a sua verdadeira potencialidade, dado os recursos naturais existentes.
Na visão do diplomata, Angola deve amadurecer a ideia da realização de uma cimeira a nível de África, para debater os grandes desafios para o desenvolvimento do continente africano.
Aproveitou a reunião para partilhar a estratégia e o modo de actuação da diplomacia angolana, além de debruçar-se sobre a preparação da 10ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da OACP a realizar-se de 6 a 10 deste mês, em Luanda.
Téte António, abordou ainda o novo acordo de parceria entre a OACP e a UE que constituirá o novo quadro jurídico para as relações entre o bloco europeu e os 79 países de África, Caraíbas e Pacífico (ACP).
O referido documento visa reforçar a capacidade da UE e dos países da ACP para responderem em conjunto aos desafios mundiais. Estabelece princípios comuns e abrange domínios como democracia e Direitos Humanos, desenvolvimento e crescimento económico sustentável,
alterações climáticas, desenvolvimento humano e social, paz e segurança, entre outros.
O acordo incluiu uma base comum a nível dos Estados ACP combinada com três protocolos regionais para África, Caraíbas e o Pacífico, com um enfoque nas necessidades específicas destas regiões.
O Conselho de Ministros da ACP-UE é a instituição superior da parceria ACP-UE. Reúne-se uma vez por ano, em Bruxelas, e num país da organização alternadamente.