Jornal de Angola
Um grupo de homens armados atacou, esta segunda-feira (07), a Rádio Capital, em Bissau, capital da Guiné-Bissau, onde, na semana passada, houve uma tentativa de golpe de Estado, informou à Lusa o director do órgão de informação, Lassana Cassamá.

Cidade de Bissau voltou a registar tiroteio protagonizado por um grupo de desconhecidos © Fotografia por: DR
O responsável disse que os disparos resultaram em “dois feridos”, mas não avançou mais detalhes. Segundo a Lusa, Lassana Cassamá encontra-se em Lisboa e está a tentar obter mais informações a partir de Bissau.
“Destruíram a rádio de novo”, disse o director, referindo que este é o segundo ataque às instalações daquele meio de comunicação social, depois de um outro, a 26 de Julho de 2020, quando foi destruído praticamente todo o material.
Na altura, a Liga Guineense dos Direitos Humanos denunciou o ataque à rádio, considerada crítica do regime na Guiné-Bissau, como “um ataque à liberdade de imprensa”, levado a cabo por pessoas que “querem instalar a prepotência e o caos na Guiné-Bissau”.
Na semana passada, homens armados atacaram o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do Primeiro-Ministro, Nuno Nabiam.
O ataque causou oito mortos, segundo o último balanço do Governo, que reviu em baixa o número de vítimas mortais.
Segundo o líder guineense, tratou-se de uma tentativa de golpe de Estado que está implicada também “gente relacionada com o tráfico de droga”. Militares do país, por ordem do Estado-Maior General das Forças Armadas iniciaram, na semana passada, uma operação em várias artérias da cidade à procura dos supostos implicados na tentativa do golpe de Estado.
Na sequência dos acontecimentos, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) pondera o envio de uma Força de Apoio para a estabilização do país.
A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo as Nações Unidas.
Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, a Guiné-Bissau sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afectaram o crescimento do país.
Governo admite envolvimento de rebeldes de Casamance
O Governo da Guiné-Bissau admitiu, ontem, o envolvimento de rebeldes de Casamance e de “certas personalidades” no ataque perpetrado, há uma semana, contra o Palácio do Governo, em Bissau, por um “grupo de militares e paramilitares”.
Segundo a Lusa, o porta-voz do Governo e ministro do Turismo, Fernando Vaz, disse que o “bárbaro atentado” foi feito por um “grupo de militares e paramilitares” e que visava “a decapitação do Estado guineense, com recurso a pessoas envolvidas no narcotráfico e contratação de mercenários, rebeldes de Casamance”.
Fernando Vaz deu uma conferência de imprensa antecedida da leitura do comunicado aos jornalistas no Ministério do Turismo, situado no Palácio do Governo, em Bissau, onde a segurança está a ser garantida pelos comandos. Segundo o ministro do Turismo, as “provas recolhidas pela Comissão de Inquérito” e que vão ser entregues ao Ministério “demonstrarão que são bastantes e irrefutáveis”.
“Os indícios de participação de pessoas com ligações ao narcotráfico são baseados em factos reais, exaustivamente documentados. Existem imagens e outras provas materiais que a seu tempo, sem perturbação do inquérito, serão trazidas a público”, afirmou.
“As ligações dos autores materiais do atentado a certas personalidades também estão objectivamente sustentadas por provas . O “modus operandi” e os objectivos preconizados, dos quais o grupo atacante estava incumbido, estão a ser relatados por intervenientes, que estão sob custódia das autoridades”, disse.