Os seus efeitos e consequências cumulativos levaram a uma situação de escassez de alimentos e produtos básicos, bem como a dificuldades na produção de electricidade, entre outros efeitos que forçaram o país a fazer esforços adicionais e a despender recursos para lidar com estes problemas.
As carências e as dificuldades que geram são fenómenos que muitas vezes não podem ser quantificados, mas têm um impacto inegável na vida quotidiana do povo cubano, e constituem o principal obstáculo ao desenvolvimento do país, especialmente desde as medidas adicionais impostas durante a administração republicana de Donald Trump (2017-2021).
Estas disposições permanecem em vigor, na sua maioria, como uma continuação da política de Washington de máxima pressão contra a nação das Caraíbas, apesar das promessas de campanha do actual presidente democrata Joseph Biden.

Imagen de Razones de Cuba
De acordo com o relatório mais recente sobre o impacto destas sanções, de Agosto de 2021 a Fevereiro de 2022 as perdas causadas são da ordem dos três mil milhões 806 milhões de dólares, um montante recorde histórico para um período tão curto.
Durante os primeiros 14 meses da administração do Presidente Biden, os danos causados pelo cerco americano contra a ilha ascendem a seis biliões de 364 milhões de dólares, o que significa mais de 15 milhões de dólares por dia em prejuízos.
Estas disposições mostraram a sua crueldade especialmente no contexto da crise global multidimensional, exacerbada pela pandemia de Covid-19, e face aos acontecimentos em Cuba, tais como a explosão do hotel Saratoga em Havana em Maio, o incêndio na base do superpetroleiro Matanzas (Agosto), e o flagelo do Furacão Ian (Setembro) no território ocidental da ilha.
A inclusão injusta e arbitrária de Cuba na lista unilateral do Departamento de Estado de alegados patrocinadores estatais do terrorismo agrava a situação, uma vez que restringe as exportações, elimina a possibilidade de obter créditos de instituições financeiras internacionais e limita a concessão de ajuda económica, entre outras consequências.
O MUNDO CONTRA O BLOQUEIO
No início de Novembro, Cuba apresentou o relatório contra esta política à Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) pela trigésima vez desde 1999, cujos danos durante seis décadas de aplicação ascendem, a preços correntes, a 154.217,3 milhões de dólares.
Isto ascende a um trilião de 391.111 mil milhões de dólares, tendo em conta o comportamento do dólar em relação ao valor do ouro.
A resolução Necessidade de pôr fim ao bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba recebeu, como em ocasiões anteriores, o apoio de uma esmagadora maioria da comunidade internacional.
Desta vez 185 nações votaram para acabar com as medidas coercivas unilaterais de Washington, face à oposição daquela potência do Norte e do seu aliado incondicional, Israel, enquanto o Brasil e a Ucrânia se abstiveram.
Durante os debates da 77ª sessão da AGNU, vários Chefes de Estado e de Governo, assim como representantes de organizações internacionais, apelaram ao levantamento desta política, que descreveram como injusta, genocida e contrária aos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros Bruno Rodríguez afirmou na reunião: “O povo de Cuba merece viver em paz. Cada família cubana viveria melhor sem o bloqueio. Os Estados Unidos seriam um país melhor sem o bloqueio a Cuba. O mundo seria um lugar melhor sem o bloqueio”.
CRESCE A SOLIDARIEDADE COM A CUBA
Face às tentativas de Washington de asfixiar a economia cubana, parlamentos, personalidades, figuras governamentais, bem como representantes de movimentos de solidariedade e várias organizações e cubanos no estrangeiro, incluindo nos Estados Unidos, estão também a levantar a sua voz em solidariedade.
Um exemplo disto é o activismo permanente da iniciativa Pontes de Amor, liderada pelo cubano-americano Carlos Lazo, juntamente com The People’s Forum, Code Pink e outros grupos, que coordenam mobilizações de apoio a esta nação antilhana no último domingo de cada mês, a que se juntam centenas de pessoas em dezenas de cidades de várias partes do mundo.
Esta solidariedade reflecte-se na recolha e envio de donativos (material hospitalar, medicamentos, alimentos) recolhidos junto de pessoas de boa vontade e cubanos que vivem no estrangeiro.
Recentemente, eurodeputados, organizações de solidariedade e cubanos que vivem no velho continente ratificaram no Parlamento Europeu que a ilha não está sozinha na sua luta contra o bloqueio.
No fórum Deixe Cuba viver: fim do bloqueio, organizado pelo grupo de esquerda no Parlamento Europeu, levantaram-se várias vozes para rejeitar o objectivo de Washington de aplicar a sua política unilateral às empresas, bancos e cidadãos dessa área geográfica.
Do mesmo modo, em Berlim, Alemanha, realizou-se em Novembro o Encontro de Residentes Cubanos na Europa (ECRE) de 2022, com uma agenda que incluía a luta contra o cerco dos EUA e o reforço dos laços de nação-emigração.
Do mesmo modo, o apoio de governos e povos como os da Venezuela e do México foi especialmente significativo face aos grandes acidentes e desastres causados por fenómenos climáticos que atingiram a ilha em 2022.
Em apenas algumas horas, foi estabelecida uma ponte aérea e marítima a partir destas nações que trouxe toneladas de material médico, alimentos, equipamento e forças especializadas a esta nação antilhana.
Apesar da rejeição mundial manifesta, os Estados Unidos utilizam múltiplos pretextos para justificar uma política que é moralmente, legalmente e aos olhos do direito internacional infundada, afectando todas as esferas da vida nacional e especialmente as famílias cubanas.