Um ‘furacão de ultra-direita’? Como um partido espanhol pretende combater a esquerda na América Latina (e enfrentar o Fórum de São Paulo)

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O avanço da esquerda na América Latina preocupa a extrema direita espanhola. Ou pelo menos é isso que parece estar por detrás do anúncio feito pelo líder do partido Vox, Santiago Abascal, que anunciou que esta formação política irá criar uma instituição internacional para combater a “deriva comunista”.

“Estamos fundamentalmente a estabelecer relações para criar um fórum organizado para nos opormos ao que tem sido o fórum de São Paulo e o Grupo Puebla”, disse Abascal numa conferência de imprensa na segunda-feira.

Embora não tenha dado mais pormenores sobre a forma como a instituição irá funcionar, deixou claro que é “uma estrutura internacional” que irá funcionar “como uma autêntica oposição em defesa das liberdades e da democracia”, no que Vox chama “a Iberosfera”.

O político salientou que a intenção é ir além de uma declaração de intenções: nem uma carta nem um manifesto. O objectivo, segundo Abascal, é formar um fórum que reúna visões que se opõem à alegada “deriva comunista” na região.

Iberosfera?
Não é a primeira vez que este tipo de iniciativa internacional é lançada pelo partido espanhol de extrema-direita, que este ano lançou uma série de bolsas de estudo destinadas a jovens líderes através da fundação Disenso, liderada pela Abascal, para “formar futuros líderes na esfera pública e social que estejam dispostos a defender a Liberdade em ambos os lados do Atlântico”.

Contudo, a inegável mudança do tabuleiro de xadrez político na América Latina encorajou o partido de extrema-direita a colocar o pé no acelerador. A recente vitória do esquerdista Pedro Castillo no Peru; o reforço das lideranças de Andrés Manuel López Obrador e Alberto Fernández no México e na Argentina; e o ressurgimento de iniciativas de integração como a Comunidade dos Estados Americanos e das Caraíbas (Celac), juntamente com o enfraquecimento de fóruns como o Grupo Lima (nascido no seio da Organização dos Estados Americanos), são sinais de que a Vox encara com preocupação.

De facto, no final do ano passado, o partido de Abascal promoveu a assinatura da Carta de Madrid, um documento assinado por líderes da direita espanhola e latino-americana que, entre outros pontos, advertia que a região era supostamente “sequestrada por regimes totalitários de inspiração comunista”, que “infiltram-se nos centros do poder” através de iniciativas “como o Fórum de São Paulo e o Grupo Puebla” para impor a sua “agenda ideológica”.

Nesta carta, os signatários propõem “trabalhar em conjunto na defesa” dos seus valores e princípios, por outras palavras: a promoção de políticas anti-imigrantes, anti-feministas, homofóbicas e ultra-conservadoras. O objectivo? Para combater a esquerda na América Latina e rotulá-la como uma “ameaça”.

A lista de políticos que assinaram o documento incluía o ex-ministro de facto boliviano Arturo Murillo, actualmente preso nos EUA por corrupção; o ex-prefeito metropolitano de Caracas e fugitivo da justiça venezuelana, Antonio Ledezma; bem como líderes de direita em países como o Peru, Argentina, Equador, Paraguai, El Salvador, Chile, Brasil, Costa Rica, México, Espanha, Estados Unidos e Colômbia.

Quase um ano após a Carta de Madrid, o anúncio da Abascal mostra que a declaração de intenções já se transformou em acções concretas. Uma delas seria esta nova estrutura internacional destinada à ‘Iberosfera’, como Vox chama aos países “que partilham um património cultural profundamente enraizado”, que inclui os EUA e o Canadá.

É provável que o ambicioso projecto tenha amplo apoio financeiro, a julgar pelas recentes revelações sobre a ascensão do Partido Verde, cuja ascensão foi promovida com um financiamento suculento de “grandes fortunas”, de acordo com a fuga de mais de 17.000 documentos internos e confidenciais de organizações espanholas ultra-católicas reveladas pelo Wikileaks.

Regressão democrática?
No mesmo dia que o anúncio sem convicção do líder da Vox, foi publicado um artigo no website da Fundação Disenso, que afirma que “a erosão democrática é mais palpável em nações governadas por uma ala de esquerda semelhante ao Fórum de São Paulo”.

A lista de nações ‘demonizadas’ pelo autor do artigo é encabeçada, como habitualmente, pela Venezuela, Bolívia e Nicarágua, embora com a inclusão do México em quinto lugar, depois das Honduras. A conclusão não é gratuita, uma vez que Caracas foi acusada de trazer o “furacão bolivariano” para a região, através do fórum de São Paulo, e o presidente mexicano foi responsável pela revitalização do Grupo Puebla, juntamente com o presidente da Argentina, ao mesmo tempo que o declínio do Grupo Lima.

Para a ultra-direita, estes movimentos, que promovem a união regional e tendem para a esquerda mais progressista, causam “grandes danos institucionais às democracias latino-americanas” e são supostamente dirigidos a partir de Cuba para que o espectro do “comunismo” afugente os sistemas políticos “liberais”.

“Se as forças do Fórum ganharem terreno, uma transição para o autoritarismo parece inevitável”, afirma o autor do texto. A aposta de Vox é evitar que isto aconteça e impedir que a mudança na região se aproxime do Brasil de Jair Bolsonaro ou dos EUA expulsos de Donald Trump, desencadeando uma tempestade ideológica inversa na América Latina que iria confrontar o Fórum de São Paulo numa espécie de ‘furacão de ultra-direita’.

Um golpe para o Grupo de Lima e a OEA .

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Por Redacción Razones de Cuba

Peru: a investida reaccionária contra o recém-inaugurado Presidente, Pedro Castillo, não demorou muito a chegar. E ainda mais quando Héctor Béjar apareceu no gabinete como Ministro dos Negócios Estrangeiros, uma figura que a grande imprensa local e ocidental achou difícil de aceitar como um homem de esquerda, um antigo guerrilheiro, familiarizado com os governos progressistas da região e inimigo de sanções, bloqueios e interferências nos assuntos internos de outros Estados.

Assim que a nova administração foi instalada, Béjar anunciou que o seu governo estava a deixar o chamado Grupo Lima, um apêndice criado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) para aplicar medidas de ingerência contra a Venezuela.

O ano 2017 estava a passar e a OEA pretendia dar o golpe final ao que chamou a “ditadura de Maduro”.

O principal inspirador de tais intenções, Luis Almagro, pretendia activar a Carta Democrática Interamericana contra a nação bolivariana, o que significava suspender o país como membro do bloco hemisférico e aumentar a pressão contra o governo de Nicolás Maduro.

O acordo do Secretário-Geral da OEA, a que se juntaram entusiasticamente os líderes da Colômbia, Iván Duque, o brasileiro Jair Bolsonaro, e o então presidente argentino Mauricio Macri, entre outros, fracassou e foi o próprio Almagro, numa reunião da sua organização realizada na capital peruana, que apelou à criação do “Grupo Lima”.

O presidente peruano na altura, Pedro Pablo Kuczynski, permitiu que esta monstruosidade da OEA levasse o nome da capital do seu país.

Pretendia-se cumprir à letra o mandato do governo de Donald Trump de pôr fim à Revolução Bolivariana, e para tal já tinham “fabricado” Juan Guaidó, a quem reconheceram como autoproclamado “presidente”, num dos mais miseráveis embustes da política externa dos EUA e da própria OEA em memória viva.

Foi neste contexto que Almagro não só levou o Guaidó a representar a Venezuela na OEA, como exortou o Grupo de Lima a sancionar o governo de Maduro.

Agora, com o peso que o novo governo peruano de Pedro Castillo pode ter na região, juntamente com a posição já repetidamente expressa pelo Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, de que a OEA deveria ser substituída por outra instituição comprometida com os povos da América Latina e das Caraíbas, e as declarações no mesmo sentido do Presidente argentino Alberto Fernández, entre outros, a organização presidida pelo Sr. Almagro está a dar pontapés e a tentar sobreviver num cenário cada vez mais adverso.

A abolição do Grupo de Lima poderia ser o primeiro golpe nessa direcção.

O que acontece agora com Guaidó.

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O Uruguai declara que o Grupo Lima não tem autoridade para ignorar os governos.

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O diplomata Rodolfo Nin Novoa ressaltou que o autodesignado Grupo de Lima não tem competência para pedir a um presidente que assuma ou não sua posição.

O ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, disse na terça-feira que o auto-intitulado Grupo de Lima não tem autoridade para reconhecer ou ignorar os governos.

O diplomata disse que o grupo de 14 países “está fora de qualquer instituição orgânica” e não tem a autoridade necessária para tal ação. Continuar a ler “O Uruguai declara que o Grupo Lima não tem autoridade para ignorar os governos.”