
A repressão oficial às manifestações deixou um saldo de quase 60 pessoas assassinadas, além de dezenas de feridos e presos. Foto: EFE.
Os protestos contra o governo nas ruas do Peru continuaram na quarta-feira, em meio a uma crise que se alastra desde o início de dezembro. A Ouvidoria registrou mais uma morte neste dia, o que eleva o número de mortos para 57, dos quais 56 são civis.
De acordo com o relatório apresentado na tarde de quarta-feira, a pessoa morreu devido a eventos relacionados ao bloqueio de uma estrada na região de Cusco. Segundo informações da instituição, desde o início dos protestos, 979 civis e 580 policiais ficaram feridos.
Famílias no Peru pedem reparação pelas mortes de manifestantes durante os protestos, enquanto a presidente Dina Boluarte promete investigar abusos por parte das autoridades. Boluarte participou de uma reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA) na quarta-feira, onde fez um discurso no qual prometeu investigar os supostos abusos das autoridades contra os manifestantes.
“Caso tenha sido cometido uso excessivo da força para restabelecer a ordem interna, os responsáveis serão investigados e processados”, prometeu.
A reunião da OEA foi convocada para discutir a situação dos direitos humanos no Peru, onde há semanas os manifestantes exigem a renúncia do presidente.
Repressão policial continua em cidades peruanas
Manifestantes na cidade de Los Álamos, na região de Ica, no centro-sul do Peru, foram agredidos na manhã desta quinta-feira por policiais à paisana e membros de agências de segurança privada, resultando em vários feridos, informou a mídia local.
As fontes publicaram vídeos na rede social Twitter em que se ouvem as detonações de armas de fogo e se veem pessoas com ferimentos de bala.
O site La Lupa (@lalupa_pe) publicou um vídeo que mostra um jovem ferido pelo impacto de uma arma de fogo.
“Os confrontos continuam. A polícia lança gases e tiros em toda a área urbana perto de El Álamo, Pueblo Joven Señor de Luren”, mencionou.
Pelas redes sociais, o usuário Antifa Watch mencionou que mortes foram registradas durante esse evento, mas não foi confirmado oficialmente.
Na madrugada desta quarta-feira, o diretor regional de Saúde de Ica, Víctor Manuel Montalvo Vásquez, ao fazer um balanço preliminar dos confrontos entre agentes de choque e manifestantes, disse que houve um total de 24 feridos, 14 membros da Polícia peruana e dez civis.
Por sua vez, a agência de notícias estatal Andina informou um total de 63 feridos (57 policiais e seis civis) em confrontos em vários trechos da rodovia Panamericana Sur, na região de Ica, localizada ao sul de Lima, capital do país. .
O Peru vive dias de mobilizações populares desde 7 de dezembro para exigir a renúncia de Dina Boluarte, que foi nomeada presidente do país naquele dia pelo Congresso, que horas antes havia destituído Pedro Castillo da chefia de Estado.
Até agora, a repressão oficial das manifestações deixou um saldo de quase 60 pessoas assassinadas, além de dezenas de feridos e presos.
Além da renúncia de Boluarte, o protesto popular exige o fechamento do Congresso, a convocação de uma Assembleia Constituinte e a libertação de Castillo, que está em prisão preventiva acusado do suposto crime de rebelião.
(Com informações da CCN em espanhol e Telesur)