Autor: Raúl Antonio Capote | internacionales@granma.cu
Um novo crime abala a opinião pública mundial pela dose de insensibilidade que demonstra e pelo caráter desumano e racista de seus executores.
O Serviço de Controle de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos, ICE por sua sigla em inglês, foi acusado de remover o útero de imigrantes sob custódia daquela instituição.
A denúncia foi apresentada ao Escritório do Inspetor Geral (OIG) do Departamento de Segurança Interna (DHS) pelo Project South, Georgia Detention Watch, Georgia Latino Alliance for Human Rights e South Georgia Immigrant Support Network.
Os querelantes foram atingidos pelo alto índice de mulheres no Irwin County Detention Center (ICDC) na Geórgia – operado pela La Salle Corrections, uma empresa privada de prisão – submetidas a histerectomia nos últimos meses, cirurgia em aquele que remove todo ou parte do útero.

As mulheres imigrantes que se submeteram ao procedimento foram enganadas sob a promessa de receber atendimento médico para resolver diversos problemas de saúde, noticia o jornal The New York Times.
Mas o caso não para por aí. Todos os dias, novos depoimentos de mulheres esterilizadas continuam a aparecer em diferentes centros de detenção, o que constitui uma violação da autonomia do corpo e dos direitos reprodutivos das detidas.
Cerca de 173 legisladores federais dos Estados Unidos enviaram uma carta ao Inspetor Geral do Departamento de Segurança Interna exigindo uma investigação imediata das queixas feitas: “Estamos horrorizados ao ver relatos de histerectomias massivas realizadas em detidos sem consentimento completo e informado.”
Porém, esse tipo de prática não é novidade naquele país. As autoridades norte-americanas em diferentes períodos da história as utilizaram, sobretudo, contra afrodescendentes, mexicanos, indígenas e prisioneiros.
No início do século 20, leis eugênicas foram promovidas em 32 estados, o que permitiu a esterilização de mais de 60.000 mulheres consideradas mentalmente deficientes ou mentalmente fracas e, mais recentemente, nas prisões da Califórnia 150 mulheres foram vítimas dessa prática entre 2006 e 2010.
O US Government Accountability Office publicou um relatório em 1976 sobre esterilizações realizadas em mulheres pertencentes a povos indígenas. Em quatro das 12 regiões investigadas, 3.406 operações foram realizadas entre 1973 e 1976 sem o consentimento das mulheres.
Em 1962, o Corpo de Paz dos Estados Unidos realizou a histerectomia forçada de mulheres indígenas na América Latina, aproveitando a boa fé, a ignorância e a necessidade das populações empobrecidas.
Mulheres guatemaltecas foram utilizadas em experimentos com produtos químicos e outros procedimentos que causam infertilidade permanente, financiados pela organização internacional Population Council, de acordo com o relatório Do controle da natalidade ao genocídio, elaborado pelo médico espanhol Alfredo Embid, coordenador do a Associação de Medicina Alternativa da Espanha.
No relatório do Dr. Embid, afirma-se que essas foram políticas implementadas pelos Estados Unidos em países do terceiro mundo, e detalha casos nas Filipinas, Indonésia, Índia, Bangladesh, Colômbia, República Dominicana, Porto Rico, El Salvador, Panamá, Bolívia, Brasil e Peru.
Essas práticas do governo dos EUA violam não apenas os princípios éticos e morais, mas também os direitos humanos das vítimas.